De repente avistou o seu colega de armas e grande amigo Mirimon. Conhecia-o há já um largo tempo. Eram de terras próximas e o que os movia era o mesmo objectivo. Tinha bastante destreza e revelou desde cedo ser um excelente guerreiro. Juntos muitas vezes faziam a diferença por onde passavam, mesmo que em situações complicadas e desiguais. Já tinham conseguido efectuar maravilhas, muitas esfumadas com o tempo, outras relembradas na memórias de terceiros. Cumprimentaram-se. A alegria de rever um irmão de armas elevou-se às outras variáveis que atormentavam a existência pontual do cavaleiro.
Era tempo de cauterizar as feridas. Várias. Metal ao lume, um ferro quente, álcool quando havia e não hesitar. Serrar os dentes, aguentar a dor e deixar o tempo actuar. Ele tudo cicatriza! É a chave para muito quando o Fado lhe é proporcional em aventuras, conflitos e tristezas.
Após os curativos, descansaram um pouco.
Acordaram com as lambidelas de Heru Belethil , o cão do cavaleiro, fraternalmente e habitualmente apelidado de Heru. Seu grande amigo, era de uma companhia e utilidade inestimável: aquecia-o no inverno, nas dormidas ao relento e revelava-se de uma grande ajuda no combate. Devido às suas dimensões reduzidas e a ser rasteiro, facilmente se abrigava do perigo das setas no campo de batalha e dificilmente era atingido por soldados inimigos no calor da luta. Mordia frequentemente os membros dos adversários, principalmente os superiores, quando o cavaleiro ou um compatriota se encontrava em sérios problemas, dando-lhe tempo de se proteger e desviar o golpe do adversário. Também era perito na caça, tendo um dom especial no que se refere aos coelhos e a profanar as respectivas tocas. E além da vigilância, tinha muitas outras vantagens . O guerreiro ao se levantar foi de novo assaltado pelas dores. Um pano de fundo que continuava a irradiar a sua existência e levava a um contínuo esforço mental de abstracção. O Sol, rendido ao descanso próximo, ia-se refugiando sob as copas das árvores. Era tempo de partir para mais uma batalha que, quem sabe, culminasse no fim da guerra.
O cavaleiro, de nome Eruntalon , embora humano descendia vagamente de linhagem Élfica, tal como os congéneres da sua terra natal. Era um mercenário, não materialista, mas sim de crenças. Desde os tempos mais remotos que se tinha vendido a uma busca. A venda tinha sido a sua própria existência, uma fusão holística entre um ideal e tudo o que estava patente no seu cerne. Falar na sua crença era falar dele próprio.
Enquanto preparava a montada para a partida, pensou que alguns adversários muitas vezes não mereciam a batalha. Sentimentos que o assomavam raramente, e que eram passageiros. Por vezes concluía que era verdade mas eram desvios que tinham sempre latente algo de positivo. Devia-lhes muito do que sabia e se havia tornado. Os adversários constituíam parte do cavaleiro, tal como ele constituía parte deles. O busílis de toda a questão era saber se tinha resistência para tudo o que passou e o que iria vivenciar. Para o caso da crescente experiência não bastar, havia sempre o apoio de todos os seus irmãos de armas. Respirou fundo. Sabia qual o seu próximo destino: Metta. Mais uma etapa da sua demanda rumo a Mene. A distância entre este e o local em que estava presente era frequentemente percorrido por criaturas que davam uma boa luta, sobretudo quando em grupos numerosos, os Nainies. Iria ser mais um desafio. Mas tirando a dor e o cansaço, sabia que a sua crença estava cada vez mais reforçada. Lembrou-se então das sábias palavras de um ancião seu vizinho: “ o sentimento sem acção é estéril...mas a acção sem o sentimento é cega!”.
Montou Lomion e olhou para trás de si. Viu o caminho já percorrido. Tinha outra opção. Ir atrás da entidade em busca de uma desforra. Mas sabia onde isso o iria conduzir. “Não...sigo em frente. A proporcionar-se a desforra, que seja.”. Consciente que estava a decidir correctamente, assim como que a entidade provavelmente também ainda estaria a digerir os acontecimentos anteriores e relembrar-se-ia do sucedido para o futuro, colocou um possível reencontro nas mãos dos destino.
E juntou-se aos seus companheiros. Trocaram algumas palavras, congratularam-se pelo facto de se terem esforçado e terem um caminho a percorrer. Não tinham nada temer. Viam os desertores ou os que fugiam à guerra, a uma causa, e por vezes choravam interiormente por eles. Muitos desses cinicamente, sem lutar, alcançavam as suas metas. Outros sem lutar iriam chegar ao fim da guerra, Mas para estes guerreiros, conhecidos como ohtars, a sua identidade era incompatível com a inactividade. A sua magia advinha da luta pelos seus ideais e da forma como ela se desenrolava. Erradiavam o que outrora se chamara alcar, ou, na contemporaneidade, glória! E partiram rumo a um amanhã que, esperavam, seria diferente.
1 comment:
LINDO... MAJESTOSO
o cavaleiro... o amigo, o cao.. e mais alguem...
mas q grande historia! é mm assim ou inventas t?
continuaremos como dois guerreiros a lutar spr pelos nossos ideiais. abraço amigo
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