Conheço alguém...

Conheço alguém que gosta de viver. Sem medo. Conheço alguém que gosta de sentir. Conheço alguém que gosta de amar. Alguém em especial, o Outro. Conheço alguém para quem a família e os amigos são dois tesouros. Conheço alguém que tem os melhores amigos desde a primária até à contemporaneidade. Conheço alguém que gosta de ser poeta. Se revê na poesia. Que gosta dessa magia. Conheço alguém que gosta de tudo o que partilha essa magia. A magia da vida. Porque atinge a alma facilmente e directamente. Conheço alguém que consequentemente gosta de partilhar flores, abraços, sorrisos. Conheço alguém que gosta de partilhar. Dar e receber, os primogénitos da felicidade. Conheço alguém que sorri. Conheço alguém que partilha a alegria de viver fazendo toinices, brincadeiras, maluquices no dia-a-dia. Conheço alguém que gosta de ser livre. Conheço alguém que gosta de ajudar. Conheço alguém que gosta de ir à igreja. Que pouco percebe de estruturas hierárquicas, mal sabe os feriados religiosos e não sabe mais que meia dúzia de orações. Mas conheço alguém que tem as bases da cultura cristã. Que adora esse espaço dominical pela reflexão e comunhão com o Outro. Pela alegria de viver. Conheço alguém que nunca ora por si. Conheço alguém que admira Cristo, S. Francisco de Assis, Sto. António ou Madre Teresa de Calcutá. Pela entrega, generosidade e fraternidade eterna. Pelo ideal e filosofia de vida que transmitem. Conheço alguém que adora o seu país. Conheço alguém que adora o campo, o mar, as estrelas. A multidão e o sossego. Conheço alguém que adora livros. Histórias de “High Fantasy”, fantasia e muitas outras. Que adora futebol, o desporto rei, a máxima comunhão mundial no desporto. Conheço alguém que adora jogar futebol e ir à bola com amigos. Ter “conversas de gajos”. Jogar matrecos. Conheço alguém que adora correr, passear. Conheço alguém que adora filmes, Animes e jogos de consolas. Conheço alguém que gosta de quase todos os géneros musicais. Conheço alguém que também dedica músicas pela sua magia. Conheço alguém que adora a Natureza. Conheço alguém que adora animais. Conheço alguém que se pudesse ser um som ou um conjunto de sons seria o som “do pinhal com pássaros, à beira da praia, onde ouvisse gaivotas e o mar e com o vento a bater-me no rosto”. Ou o som de uma composição de música clássica relacionada com a natureza. Ou um riso de uma criança. Ou ambos. Conheço alguém que está feliz com o seu curso. A área onde se tiram 1001 cursos, incluindo o da vida, pratica-se e desenvolve-se ciência. Onde se está conectado à magia da vida, se é um pilar básico da sociedade e fonte de humanidade. Conheço alguém que adora a “Mãe” Resende, o seus filhos, espírito e encontros. Conheço alguém que, dizem, é calmo e descontraído e reflecte isso na sua aparência. Conheço alguém que acha que podia arriscar um pouco mais nisso. Em alguns aspectos. Mas conheço alguém que valoriza o interior e que não se preocupa em procurar a maturidade pela aparência exterior. Antes pela interior. Porque “o essencial é invisível aos olhos”(Exupèry). Conheço alguém que prefere canalizar energias para ajudar o Outro que o rodeia. Para viver. Para amar. Mas conheço alguém que podia fazer muito mais. Mais voluntariado por exemplo. Que falha no que também apregoa. É humano. Conheço alguém que, contudo, está preparado para fazer muito mais no futuro. Conheço alguém que tem defeitos. Conheço alguém que (também) é imperfeito. Conheço alguém que acaba por apreciar imperfeições do Outro. Conheço alguém que subscreve o Carpe Diem, mas não de forma absolutista. Conheço alguém que subscreve Eugénio de Andrade: “Poupar o coração é permitir à morte coroar-se de alegria”. Conheço alguém que dá muito de si. Com um sorriso. Que subscreve também “a amizade é o amor sem asas” (G.Byron). Que almeja e luta pela felicidade de quem lhe é próximo. Conheço alguém que “cai” muitas vezes. E com orgulho se levanta, sem se arrepender das marcas no corpo e das que deixou no chão. Conheço alguém que vai em frente. Conheço alguém que é muito mais do que estas palavras, quer nos aspectos positivos, quer nos negativos. Conheço mais alguém que é como este “alguém” que aqui descrevo. Conheço alguém que procura adubar e florescer o seu jardim interior. Que procura torná-lo um sinónimo dele próprio. De um “Eu”. Conheço alguém que concorda que “o segredo é não correr atrás das borboletas, cuide do seu jardim e elas virão até si" (Mário Quintana). Conheço alguém que não lhe interessa em ter no seu jardim só palmeiras ou sequóias com dezenas de metros de altura. Para se verem a Km. Conheço alguém que não se preocupa que o seu jardim não tenha uma cerca, portão ou muros novos, brilhantes ou arranjados. Conheço alguém que pode ter isto tudo velho e a cair. Desde que lá tenha vida. Que tenham heras e um biótipo. Conheço alguém que quer é ter não as mais pomposas árvores, mas a maior biodiversidade possível. Desde a mais simples planta ou insecto até ao mamífero. Onde haja sol luminoso e sombra suficiente para abrigar os visitantes. E acima de tudo onde desde a entrada haja trilhos ou carreiros que levem a todos os cantos do jardim. Para que todos, incluindo ele próprio, o possa visitar. Conheço alguém que tem muito a conhecer de si e do Outro. E conheço alguém que, não obstante todo o orgulho que tem em si, ao ler isto envergonha-se um pouco, pois tem a arrogância de se achar um pouco humilde. Conheço alguém que gosta de viver. Conheço alguém...