União Zoófila e Associação Zoófila Portuguesa


TORNE-SE SÓCIO; ADOPTE OU APADRINHE UM ANIMAL; FAÇA VOLUNTARIADO!ESCOLHA...UM PEQUENO GESTO FAZ TODA A DIFERENÇA!

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Ser Enfermeiro...

Thursday, October 9, 2008

Ser professor

Hoje decidi partilhar outro e-mail que me enviaram, mais uma vez a CC. É sobre a vertiginosa, gravíssima e humilhante queda que se tornou dar aulas, perdão "aturar crianças". Tenho realidades e histórias muito piores,com consequências mais graves a contar, dentro do universo conhecido pelos que leccionam já que é o ofício da minha mãe (e o meu pai já por lá passou mas em contexto universitário). Contudo hoje tive uma longa e desgastante discussão dos temas de monografia e basta de coisas depressivas.Fiquemos pelo e-mail:
"
...nunca fui nem serei tão boa professora como era antes de mo chamar!

[Vale a pena ler..... Quem não partilha da opinião desta Colega? Aqui vai
a 'prosa' de uma colega nossa, que espelha o pensamento de cada um de nós. Por
favor, passem ao maior número de pessoas possíveis. A esperança de que as
coisas mudem, deve ser a última coisa a morrer... ]Exma. Senhora Ministra da
Educação Um dia destes colocaram, no placar da Sala dos Professores, uma lista
dos nossos nomes com a nova posição na Carreira Docente. Fiquei a saber, Sr.ª
Ministra, que para além de um novo escalão que inventou, sou, ao final de
quinze anos de serviço, PROFESSORA! Sim, a minha nova categoria, Professora!
Que Querida! Obrigada! E o que é que fui até agora? Quando, no meu quinto ano
de escolaridade, comecei a ter Educação Física, escolhi o meu futuro. Queria
ser aquela professora, era aquilo que eu queria fazer o resto da minha vida.
Ensinar a brincar, impor regras com jogos, fazer entender que quando vestimos o
colete da mesma cor lutamos pelos mesmos objectivos, independentemente de
sermos ou não amigos, ciganos, pretos, más companhias, bons ou maus alunos.
Compreender que ganhar ou perder é secundário desde que nos tenhamos esforçado
por dar o nosso melhor. Aplicar tudo isto na vida quotidiana. Foi a suar que eu
aprendi, tinha a certeza de que era assim que eu queria ensinar! Era nova,
tinha sonhos.. . O meu irmão, seis anos mais novo, fez o Mestrado e na folha de
Agradecimentos da sua Tese escreve o facto de ter sido eu a encaminhá-lo para o
ensino da Educação Física. Na altura fiquei orgulhosa! Agora, peço-te desculpa
Mano, como me arrependo de te ter metido nisto, estou envergonhada! Há catorze
anos, enquanto, segundo a Senhora D. LurdesRodrigues, ainda não era professora,
participava em visitas de estudo, promovia acampamentos, fazia questão de ter
equipas a treinar aos fins-de-semana, entre muitas outras coisas. Os alunos
respeitavam-me, os meus colegas admiravam-me, os pais consultavam-me. E eu era
feliz. Saía de casa para trabalhar onde gostava, para fazer o que sempre
sonhara, para ensinar como tinha aprendido! Agora, Sr.ª Ministra, agora que sou
PROFESSORA, que sou obrigada a cumprir 35 horas de trabalho, agora que não
tenho tempo nem dinheiro para educar os meus filhos. Agora, porque a Senhora
resolveu mudar as regras a meio (Coisa que não se faz, nem aos alunos
crianças!), estou a adaptar-me, não tenho outro remédio: Entrego os meus filhos
a trabalhadores revoltados na esperança que façam com eles o que eu tento fazer
com os deles. Agora que me intitula PROFESSORA eu não ensino a lançar ao cesto
ou a rematar com precisão à baliza, não chego, sequer a vestir-lhes os coletes.
Passo aulas inteiras a tentar que formem fila ou uma roda, a ensinar que
enquanto um 'burro' mais velho fala os outros devem, pelo menos, nessa altura,
estar calados. Passo o tempo útil de uma aula prática a mandar deitar as
pastilhas elásticas fora (o que não deixa de ser prática) e a explicar-lhes que
quando eu queria dizer pdeitar fora apastilha não era para a cuspirem no chão
do Pavilhão. E aqueles que se recusam a deitá-la fora porque ainda não perdeu o
sabor? (Coitados, afinal acabaram de gastar o dinheiro no bar que fica em
frente à Escola para tirarem o cheiro do cigarro que o mesmo bar lhes vendeu e
nunca ninguém lhes explicou o perigo que há ao mascar uma pastilha enquanto
praticam exercício físico). E os que não tomam banho? E os que roubam ou
agridem os colegas no balneário? Falta disciplinar? Desculpe, não marco ! O
aluno faz a asneira, e eu é que sou castigada? Tenho que escrever a
participação ao Director de Turma, tenho que reunir depois das aulas (e quem
fica com os meus filhos?). Já percebeu a burocracia a que nos obriga? Já viu o
tempo que demora a dar o castigo ao aluno? No seu tempo não lhe fez bem o
estalo na hora certa? Desculpe mas não me parece! Pois eu agradeço todos os que
levei! Mas isto é apenas um desabafo, gosto de falar, discutir, argumentar com
quem está no terreno e percebe, minimamente do que se fala, o que não é, com
toda a certeza, o seu caso. Bastava-lhe uma hora com o meu 5ºC. Uma hora! E eu
não precisava de ter escrito tanto! E a minha Ministra (Não votei mas deram-ma.
Como a médica de família ,que detesto, mas que, também, me saiu na rifa e à
qual devo estar agradecida porque há quem nem médico de família tenha - outro
assunto) entendia porque não conseguirei trabalhar até aos 65 anos, porque é
injusto o que ganho e o que congelou, porque pode sair a sexta e até a sétima
versão do ECD que eu nunca fui nem serei tão boa professora como era antes de
mo chamar! Lamento profundamente a verdade! Viana do Castelo Ana Luísa
Esperança PQND da Escola EB 2,3 Dr. Pedro Barbosa






--
Beta Brito "

1 comment:

Anonymous said...

Pois é, mais um excelente mail que demonstra bem a realidade das coisas...

grande abrç