Ser criança: o déjà vù

Nos últimos tempos, em conversas ou lendo em blogs de amigos, o tema focava-se no "ser criança" e nas vantagens dessa condição. Este ano, ao aconselhar a amigos o melhor local para fazer EC de Saude mental, por várias vezes contei que a partir de contos infantis se podem retirar mensagens que dão verdadeiras lições de vida aos adultos. De tal modo que no meu EC desta área havia algumas reuniões semanais com um Sr. que ia contar histórias aos meninos da Casa do Gil. E era uma alegria aquela meia-hora semanal, para enfermeiros, médicos, auxiliares de acção médica e utentes, porque ouvia-se uma pequena história pessoal ou conto infantil e reflectia-se sobre o mesmo. As potencialidades eram imensas que o legado ficou até à data. Desde aí pude reflectir um pouco mais sobre as virtudes próprias da infância e que nesta sociedade de pressão e de tendências objectivas, impessoais e egocêntricas tende a fazer-nos esquecer: a importância de sorrir e de não ter medo de partilhar. Não é por nada que existe a famosa frase "liberta a criança que há em ti"! É terapêutico e realizador. Aprender a viver a vida com uma alegria, sinceridade, força de vontade e um sorriso semelhante ao de uma criança só traz benefícios. Nos últimos tempos... meses, semanas, reflecti sobre a minha natureza, alguns dos meus ideais e algumas das minhas condutas, de tal maneira que já havia procurado a canção que hoje tenho para vós. Por força destes últimos e do destino, há semelhança de outras alturas, tenho partilhado alguns sentimentos especiais com algumas pessoas:amor, amizade,etc.
Tenho enfrentado vários obstáculos que poucos sabem e no entanto mostrado sempre um sorriso e vontade de diversão. Ao pensar nisso constato que muitas das partilhas que faço são de uma simplicidade infantil, como dizer "gosto de ti", "desculpa", oferecer uma flor, um sorriso, um abraço, uma palavra amiga, mas que tantas vezes somos impelidos a esquecermo-nos ou a nos inibir na sua transmissão, já que o "risco" que acarreta de não ser recíproco pode ser conotado como algo que constrinja. E o facto é que esse risco é normal, já que com a idade aumentam as responsabilidades e o "peso" das palavras, que não podem ser esquecidos com uma agradável tarde de brincadeira. Logo vejo que há pequenos gestos que cada vez se tornam mais raros.
Além de um grande rol de defeitos que naturalmente tenho, tenho-me apercebido que desde há muito valorizo as pequenas atitudes de infância já referidas, e naturalmente enfrento o chamado "risco". Até já me chamaram "imprudente", o que tem lógica na visão predominante da sociedade! Mas o facto e que quando partilho algo que me e especial, geralmente e felizmente algo se pauta por ser especial.
Tenho consciência que por vezes seria menos árduo ir pelo caminho mais fácil, em que estamos mais resguardados, mas Viver para mim é partilhar as coisas boas, complexas como um curso ou simples como um abraço. Talvez por isso certas condutas minhas que pareçam excessivas.
Mas como já falei e já vi escrito, se há comportamentos que na vida de uma criança são banais e fazem sentido, numa vida de adulto, mais complexa, deveriam haver em maior quantidade já que a sua necessidade e pertinência é maior. Não seria lógico um adulto aprender com uma criança e não ter medo de os imitar em certas condutas, as que consideramos especiais e nobres, contrariando a tendência da impessoalidade destas sociedades cosmopolitas? Eu pessoalmente tenho tentado, muitas vezes é difícil, muitas vezes não consigo, às vezes prejudica-nos, mas tem outras vantagens certamente! Como se encontra no vídeo abaixo: Humans can choose the type of life they want to live. The important thing is that you choose life. Este vídeo são os créditos do jogo de culto Metal Gear Solid 1 (um dos meus jogos preferidos da infância) e como tal ensina-nos muito! Adoro a canção, canatda numa das vertentes célticas, e faz-me recordar o que escrevi, assim como todos aqueles momentos especiais em que estamos a "conhecer" alguém e não vemos o tempo a passar,ou ele chega mesmo "a parar". Sinto saudades desses momentos, em que um relacionamento é tão translúcido como duas crianças a brincarem. Porque abrir o coração tem tanto de complexo das responsabilidades inerentes à maturidade da vida adulta como da nobreza e simplicidade de uma criança!



An cuimhin leat an gra cra croi an ghra
Nil anois ach ceol na h-oiche taim siorai i ngra
Leannain le smal
Leannain le smal
Lig leis agus beidh leat
Lig leis agus beidh gra

Culmhne leat an t-am
Nuair a bhi tu sasta
An culmhne leat an t-am
Nuair a bhi tu ag gaire
Ta an saol iontach
ma chreideann tu ann
Tug aghaidi ar an saol is sonas siorai inar measc

Ceard a tharla do na laethanta sin
Ceard a tharla do na h-oicheanta sin
An culmhin leat an t-am
Nuair a bhi tu faol bhron
An cuimhin leat an t-am
Go siorai sileadh na ndeor an ormsa no orainne a bhi an locht

Ag mothu caiite s'ar fan
Cen fath an t-achrann is sileadh na ndeor
Ta ailleacht sa saol
Ma chuardaionn tu e
Ta gliondar sa saol cuardaimis e


(ENGLISH VERSION)
Do you remember the time when little things made you happy
Do you remember the time when simple things made you smile
Life can be wonderful if you let it be
Life can be simple if you try

What happened to those days?
What happened to those nights?
Do you remember the time when little things made you so sad
Do you remember the time when simple things made you cry



Is it just me, or is it just us
Feeling lost in this world?
Why do we have to hurt each other?
Why do we have to shed tears?
Life can be beautiful if you try
Life can be joyful if we try
Tell me I am not alone
Tell me we are not alone in this world fighting against the wind
Do you remember the time when simple things made you happy
Do you remember the time when simple things made you laugh

You know life can be simple
You know life is simple
Because the best thing in life is yet to come
Because the best is yet to come