Por vezes escrevo. Não são muitas, já que a inspiração está sempre dependente de sentimentos. Não me inibo de partilhar porque o silêncio muitas vezes não me faz sentido. Às vezes dá vontade de escolher outros caminhos mas acabo por perceber que há valores que nos estão intrínsecos e com os quais a minha identidade coaduna. Apesar das exigências e das implicações, sempre defendi certos rumos. Mas explorar o que para mim é o maior fenómeno multi-dimensional pelo qual o Homem passa pode ser o mais nobre, mas por vezes também o maior castigo. Não fosse o mais belo exemplo do conceito de antítese que eu e penso que todos conhecemos. É um "universo" complexo mas que quando se molda a nós realiza-nos certamente. Quando partilho algo especial por vezes sinto que há pequenos momentos em que mostramos um produto final de algo que realizámos e que reflecte ideais, sonhos, sentimentos, aspirações (até de modelos de ser e estar para a outra pessoa, o que às vezes pode ser algo cínico), tempo, sacrifício, ou mais qualquer coisa, mas tanto disso perde-se e não é transmitido. Depende de inúmeros factores, como do tempo e da confiança, mas parece que às vezes até pode afectar a simples transmissão da normalidade, alegria, sinceridade e acima de tudo simplicidade que pauta o meu modo de estar. Enfim, pensamentos e sentimentos de fim de tarde de alguém que não "gosta de coroar a morte de alegria", como referia Eugénio de Andrade. Faz parte do VIVER. Deixo-vos um dos meus poemas, intitulado "saudade". O único em que introduzi excertos de uma canção dos Xutos no fim, por várias razões.
Saudade
Saudade... sentimento vão
Que tanto entristece o coração!
Por vezes Sol... dias bem iluminados,
Cheios de luz...mas bem vazados!
Podem ser alegres e movimentados
Mas falta-lhes o maior dos significados!
Por vezes contratempos...
Tornam os dias lentos,
Lembrando lamentos...
Por vezes o Cuidar
Faz-me lembrar
O quanto bom é amar
E o outro alegrar...
Por vezes a noite...
Imperiosa, traz um lindo luar,
E no seu silêncio, lá vou andando,
Relembrando e esperando
Sonhando com o teu lindo olhar!
E como é curioso
E deveras misterioso..
Que esse algo que tu emanas
Se guarde em mim,
Como flor de jasmim
Durante eternas semanas!
E como é curioso
E deveras maravilhoso...
Como basta um outro olhar,
O meu, te ver,
Para a alegria me alcançar
O coração te sentir,
A alma te abraçar
E as saudades matar!
E como é curioso
E deveras majestoso...
Basta apenas esse curto momento
Pleno de sentimento
Estranhamente longo mas efémero,
Para ficar eterno!
E como é cínico
Mas único...
Aquele sentimento que nos faz nascer e nos vê sofrer
Que nos vê viver e nos vê morrer
Que nos abate e impulsiona
Que nos liberta e aprisiona
Intrínseco à nossa existência
Invade a nossa consciência
Enfrenta a Razão
E arremete o coração!
É ele mesmo...
Sem medo de o admitir
Orgulhoso por o sentir..
É aquele que move montanhas e enfrenta canhões
É aquele presente num simples gesto e nas multidões
É o fogo que arde sem se ver do nosso Camões!
É o verdadeiro fogo
Que combate o ditado
“Longe da vista, longe do coração”,
Pois como é possível remar contra esta emoção
Que dá um sentido ao Fado,
Que transforma uma pessoa,
Apenas mais uma para o mundo,
Como que diluída num baço fundo,
No nosso querido Mundo!
E apesar da entrega que reivindica
Exige e implica
Bem sei que pode ser injusto
E ter um grande custo...
Ele bem pode ser sofrido
E estranhamente mantido:
Pode-se não ser correspondido
Mas contudo...nunca arrependido!
Já dizia Lampedusa
Como cruel musa
De sofrimento faminta:
“Fogo e chama por uma ano, cinzas por trinta”
Mas para mim
Naturalmente é assim,
Esse risco é indiferente...
O que é relevante e tenho em mente
É dizer-te como és especial
Minha princesa celestial
E decerto imortal
Enquanto eu for mortal!
E também Eugénio de Andrade referia
Sem falsidade e piedade
Sem mentira, só verdade:
“Poupar o coração é permitir à morte coroar-se de alegria”
E eu combato a vida fria!
E humilde, ele, o sentimento, sem vaidade...
Só exige a tua felicidade!
Um sorriso teu,
Estrelas no mundo meu!
Uma palavra tua,
Propaga-se ate a lua!
É para a minha alma
Tão potente salva
Que aos céus brada,
Simplesmente magia
Genial sinfonia!
Porém...fugaz cura,
Pois o sentimento apazigua
Como Brisa que se desvanece!
Mas igualmente permanece...
E em mim perdura..
E como cantam os Xutos
Sem medos e lutos,
És a “querida pequenina
És o sol que me ilumina
Tens a luz que me fascina”
Relembro a música...
A sua acústica...
E esses olhos que, fontes de ternura,
De um doce tom castanho escuro,
Reflectem a tua alma pura
E a verdade que em vão procuro!
Onde estás?
Estás ai...
a ler...
Onde Estás?
Onde desconheço..
Estás em tudo e lado algum...
Onde estás?
Esquecida de modo nenhum..
Estás sempre presente
Quando ausente...
Onde estás?
Sim, longe e tão perto
Sim, decerto...
Onde estás?
Desconheço...
Mas com muito apreço
De igual modo o sei...
Estás no meu pensamento
A todo o momento!
Saindo-me estas palavras
Arrancadas do coração, com memórias gravadas
Rio-me do meu sorriso, ao compreender:
Amar, o que é? É sonhar,perceber,voar,empreender,transmitir,aceitar,chorar, rir,ver...e viver!
João Veloso
P.S: lembro-me bem deste post e de porque o escrevi...naturezas semelhantes: http://o-sexo-dos-anjos.blogspot.com/2007/11/viver.html
E sempre gostei desta canção, e curiosamente hoje fui ver pela primeira vez o video-clip. Viva o humor, tem a ver comigo!
Tragic Comic - Extreme
7 comments:
Sim senhor, bonito poema Sr. Veloso! Mt profundo :)
Bjs!
mano!!! nao me canxo de ler os teus poemas, mostram sem duvida a pessoa admiravel que es. sempre por perto quando mais precisamos. sabes, tenho saudades!! daqueles aulas em que nao te deixava tomar atenção,dos almoços e jantares que tavams sempre juntos, das nossas converças.... de tudo! acredita, tas sempre no meu coração. um beijo grande e continua assim.
Uma das pessoas mais "kind" que conheco , um grande amigo, e realmente e daquelas pessoas impossiveis de nao gostar , realmente concordo com a tipa de cima, em como e muito profundo , nao sou o melhor em analise, mas acho que consegues transmitir o que sentes em letras , eu acho que tu ate tinhas mais poemas que me mostras-te que nao postaste aqui pa ;) keep going !!!
p.s - cheiras a mentol com electrolitos.
Grande johny! É admirável a forma como consegues transmitir os teus sentimentos através deste poema e como conseguiste dar uma definição a esse confuso sentimento que é a saudade. Um belo e comovente poema, não haja dúvida! Até já tive de ir buscar o raio dos lenços :'(... shikisho!
Auehrnould will geut you foueh this, ah-aueh! Aueh'll be bauehck!
Anyways. Continua assim, brotha! Keep'em commin'!
Yours truly,
Dio Brando
ZA WARUDO!... Tokyio tomare.
Rapaz!Parece k toda gente que lê o blog e não escreve decidiu fazê-lo hoje, portanto junto-me a eles.
Concordo com eles: o poema como outros que já pude ler dispensa apresentações. Admiro-te nisso mas acima de tudo como o tadeu escreveu, tens um coração de ouro! es copincha e até quando tens problemas tens um sorriso e uma piada a distribuir. É muito raro encontrar alguém assim e por todos os anos que te conheço sei que as "partilhas" que fazes (como chamas) são sinceras e muitas delas arte lol. Acho que se calhar muitas sao tao simples e naturais (mas que poucos fazem) ke so kuando acabem e k lhes dao valor. conheces a vida e es grande.admiro-t pela coragem e pela força! Como escreveste, "siga!". akele abraço!
ps- temos de um combinar um jogo
primito=)!Este teu poema está lindoooo =) e eu que nem gosto muito de poemas este tocou-me mesmo lá dentro!quem me dera receber um assim há pessoas com sorte! és fantasticu, não conheço ninguém assim, ate purque sei k isto e uma ponta de um iceberg e se muitas das atenxoes são coisinhas simples, são tão mágicas. já te conhexu tonto! E se não souberem dar valor sabe-lo tu, merexes so o melhor! Pa semana tou + livre, já ia um cafezito não?jokas**
Este comentário vai com muitos, muitos dias de atraso, eu sei...
Mas para dizer a verdade só agora consegui ler o teu poema até ao fim...
É parvo, eu sei, mas tudo o que aqui escreveste é mais uma confirmação daquilo que me disseste naquela tarde e me tinhas vindo a dizer há muito tempo e lê-lo só confirmava uma coisa que eu não queria q fosse verdade, porque sei que te magoei, porque me magoou a mim também...desculpa...
Noutro dia disseste que estava diferente, se calhar porque me faltava ler o teu poema para que tudo ficasse finalmente a fazer sentido.
É lindo! obrigado, adorei... pode parecer uma coisa insignificante agora, mas quero que saibas que nunca ninguém me tinha escrito um poema assim, nunca ninguém me tinha dado uma rosa, a valer mais que um rosa, a valer todo um sentimento...a Ana tem razão tenho sorte, sorte por ter conhecido um rapaz cm tu, maravilhoso ;)
beijinho, be happy! *
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