Só para ti...
Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".
E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.
E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.
Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.
E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.
E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.
Mais um canto nesta blogosfera, o 5º Poder...um espaço de expressão sob mui formas já que, nesta vida longa e feita de partilhas e de experiências, uma imagem vale mais que mil palavras e há palavras que valem mais que mil imagens! E como “uma viagem de mil milhas começa com o primeiro passo”(Lao-Tsé),aqui vive-se o momento...
Vancouver Olympic Shame: Learn more. Por favor AJUDE a cessar este massacre infame! Please HELP stopping this nounsense slaughter! SIGN http://getactive.peta.org/campaign/seal_hunt_09?c=posecaal09&source=poshecal09
Ser Enfermeiro...
Pages
Thursday, March 29, 2007
Wednesday, March 28, 2007
Mas que grande momento...
Hoje joga a Selecção! Mais um jogo que se avizinha difícil, já que é na Sérvia e é um jogo chave para a qualificação para o Euro 2008. E como preparação para o mesmo deixo-vos aqui uma bela entrada, servida ainda fresquinha, visto que só foi confeccionada há uns dias!
Visto e ouvido por nós:
E visto pelo mundo:
Visto e ouvido por nós:
E visto pelo mundo:
Tuesday, March 27, 2007
Hoje é tudo teu!
Monday, March 26, 2007
And the winner is...
Saudações!Estive a guardar este combate épico para o dia de hoje, visto que um dos contemplados poderia ser o vencedor do concurso "Os Grandes Portugueses", objectivo final que na minha opinião é uma utopia. E para minha grande pena, os poetas e os "históricos" nomeados ficaram relevados para segundo plano, não atingindo sequer o pódio.Mas aqui vos deixo esta hilariante obra do "Contra-informação". Muitas gargalhadas e pormenores deliciosos a desfrutar à distância de um "click"!
Sunday, March 25, 2007
Primavera
Hoje marcha para este espaço mais um pouco de música clássica.Escolhi um excerto das "Quatro estações" de Vivaldi, de que muito gosto. A parte eleita foi a "Primavera", já que é a que mais se adequa ao momento.Em segundo plano trago-vos uma versão alterada.
Friday, March 23, 2007
Verdade nua e crua mas...
Ora aqui está uma imagem muito interessante fornecida pela Loide, na qual podemos ver uma realidade inquestionável. Mas como todo o bom cidadão, devo relembrar aos senhores utentes da Carris que com esta mania da reestruturação da empresa, daqui a umas semanas e,por conseguinte, daqui a umas jornadas, é bem provável que esta carreira sofra um desvio da ajuda para a cidade do Porto (Alvalade-Ajuda-Porto). E tudo isto com vista ao objectivo final,a entrar em vigor dia dia 20\5 : Alvalade-Ajuda-Alvalade!Saudações leoninas!
Wednesday, March 21, 2007
Castaway
Hoje deixo aqui uma das minhas canções preferidas dos Green Day! Da sua "velha geração" que é a que eu prefiro. A todas aqueles que sabem quem são!
I'm on a sentimental journey
into sight and sound
of no return and no looking back or down
A conscientious objector to the
war that's in my mind
leaving in the lurch
and I'm taking back what's mine
I'm on a mission
into destination unknown
an expedition
in the desolation road
where I'm a...
Castaway - going at it alone
Castaway - now I'm on my own
Castaway - going at it alone
Castaway - now I'm on my own
Lost and found, trouble bound
Castaway
I'm riding on a night train and
driving stolen cars
testing my nerves out on the boulevard
spontaneous combustion in the
corners of my mind
leaving in the lurch
and I'm taking back what's mine
I'm on a mission
into destination unknown
an expedition
in the desolation road
where I'm a...
Castaway - going at it alone
Castaway - now I'm on my own
Castaway - going at it alone
Castaway - now I'm on my own
Lost and found, trouble bound
Castaway
I'm on a sentimental journey
into sight and sound
of no return and no looking back or down
A conscientious objector to the
war that's in my mind
leaving in the lurch
and I'm taking back what's mine
I'm on a mission
into destination unknown
an expedition
in the desolation road
where I'm a...
Castaway - going at it alone
Castaway - now I'm on my own
Castaway - going at it alone
Castaway - now I'm on my own
Lost and found, trouble bound
Castaway
I'm on a sentimental journey
into sight and sound
of no return and no looking back or down
A conscientious objector to the
war that's in my mind
leaving in the lurch
and I'm taking back what's mine
I'm on a mission
into destination unknown
an expedition
in the desolation road
where I'm a...
Castaway - going at it alone
Castaway - now I'm on my own
Castaway - going at it alone
Castaway - now I'm on my own
Lost and found, trouble bound
Castaway
I'm riding on a night train and
driving stolen cars
testing my nerves out on the boulevard
spontaneous combustion in the
corners of my mind
leaving in the lurch
and I'm taking back what's mine
I'm on a mission
into destination unknown
an expedition
in the desolation road
where I'm a...
Castaway - going at it alone
Castaway - now I'm on my own
Castaway - going at it alone
Castaway - now I'm on my own
Lost and found, trouble bound
Castaway
I'm on a sentimental journey
into sight and sound
of no return and no looking back or down
A conscientious objector to the
war that's in my mind
leaving in the lurch
and I'm taking back what's mine
I'm on a mission
into destination unknown
an expedition
in the desolation road
where I'm a...
Castaway - going at it alone
Castaway - now I'm on my own
Castaway - going at it alone
Castaway - now I'm on my own
Lost and found, trouble bound
Castaway
Tuesday, March 20, 2007
Monday, March 19, 2007
U2 and Green Day "The Saints Are Coming"
There is a house in New Orleans
They call the Rising Sun
It’s been the ruin of many a poor boy
God, I know I’m one
I cried to my daddy on the telephone, how long now
Until the clouds unroll and you come home, the line went
But the shadows still remain since your descent, your descent
I cried to my daddy on the telephone, how long now
Until the clouds unroll and you come home, the line went
But the shadows still remain since your descent, your descent
The saints are coming, the saints are coming
I say no matter how I try, I realise there’s no reply
The saints are coming, the saints are coming
I say no matter how I try, I realise there’s no reply
A drowning sorrow floods the deepest grief, how long now
Until a weather change condemns belief, how long now
When the night watchman lets in the thief, what’s wrong now?
The saints are coming, the saints are coming
I say no matter how I try, I realise there’s no reply
The saints are coming, the saints are coming
I say no matter how I try, I realise there’s no reply
I say no matter how I try, I realise there’s no reply
I say no matter how I try, I realise there’s no reply
Sunday, March 18, 2007
A ti...
Todas as palavras são parcas para exprimir o turbilhão de sentimentos que me assomam...tão de repente, sem nada o deixar prever...para trás, ao alcance da mais simples sinapses, estarão as recordações,a alegria da partilha e mais do que tudo um grande exemplo para mim.Pela tua humildade, prontidão, disponibilidade, pelo coração de ouro, para ti... com saudade!
Saturday, March 17, 2007
Aos bons momentos!
(...)To know how to did that Alan...and here´s the situation that...Thiery Henry could explore against Chris Perry...it`s the classic one against one...and Henry made it, and Henry scored!!Oh yes...two – nil to Arsenal!
Ao Pedro, João André,primos Nelito e Diogo, entre outros, por todos as grandes tardes vividas na infância e adolescência, repletas de vídeos, jogos, "CMs" e invariavelmente acabando com tão boas futeboladas!Grande abraço
Friday, March 16, 2007
Fado do Encontro
Grande dueto por Tim e Mariza no âmbito do segundo disco a solo do vocalista dos Xutos e Pontapés, "Um e o Outro". Descoberto e transmitido pela CC!Para nós, simplesmente brutal...
Outras fontes:http://naluanova.blogspot.com
Vou andando, cantando
Tenho o sol à minha frente
Tão quente, brilhante
Sinto o fogo à flor da pele
Tão quente, beijando
Como se fosses tu
Ao longe, distante
Fica o mar no horizonte
É nele, por certo
Onde a tua alma se esconde
Carente, esperando
Esse mar és tu
Pode a noite ter outra cor
Pode o vento ser mais frio
Pode a lua subir no céu
Eu já vou descendo o rio...
Na foz, revolta
Fecho os olhos, penso em ti
Tão perto, que desperto
Há uma alma à minha frente
Tão quente, beijando
Por certo que és tu
Pode a lua subir no céu
E as nuvens a noite toldar
Pode o escuro ser como breu
Acabei por te encontrar
Vou andando, cantando
Tive o sol à minha frente
Tão quente, brilhando
Que a saudade me deixou
Para sempre,
Por certo
O meu Amor és tu.
Tim
Outras fontes:http://naluanova.blogspot.com
Vou andando, cantando
Tenho o sol à minha frente
Tão quente, brilhante
Sinto o fogo à flor da pele
Tão quente, beijando
Como se fosses tu
Ao longe, distante
Fica o mar no horizonte
É nele, por certo
Onde a tua alma se esconde
Carente, esperando
Esse mar és tu
Pode a noite ter outra cor
Pode o vento ser mais frio
Pode a lua subir no céu
Eu já vou descendo o rio...
Na foz, revolta
Fecho os olhos, penso em ti
Tão perto, que desperto
Há uma alma à minha frente
Tão quente, beijando
Por certo que és tu
Pode a lua subir no céu
E as nuvens a noite toldar
Pode o escuro ser como breu
Acabei por te encontrar
Vou andando, cantando
Tive o sol à minha frente
Tão quente, brilhando
Que a saudade me deixou
Para sempre,
Por certo
O meu Amor és tu.
Tim
Thursday, March 15, 2007
"Boa noite, somos a Tuna de Enfermagem de Lisboa..."
Esta é, a vez primeira…
…a vez primeira
que neste auditório eu canto
Em nome de Deus começo…
…de Deus começo
Padre, Filho, Espírito Santo
A ausência tem uma filha
…ai tem uma filha
Que se chama Saudade
Eu sustento mãe e filha
…ai mãe e filha
Bem contra a minha vontade
Boa noite, meus senhores,
Senhoras e lindas flores
Que aqui estais neste salão,
Que aqui estais neste salão
Para todos eu vou cantar
E a todos quero saudar
Do fundo do coração
Do fundo do coração
Eu vesti um vestido novo…
…vestido novo
Para vir aqui cantar
A Charamba está no baile…
…ai está no baile
e o meu bem é o meu par
Boa noite, meus senhores,
Senhoras e lindas flores
Que aqui estais neste salão,
Que aqui estais neste salão
Para todos eu vou cantar
E a todos quero saudar
Do fundo do coração
Do fundo do coração
...
Hoje decidi colocar neste meu espaço a minha canção preferida da TEL...a "nossa canção",Charamba.E pelo que constato também a é para muitos resendeiros! O vídeo foi cedido pelo membro da tuna Nuno Correia. Este post é dedicado a toda a TEL,em especial a toda a minha ilustre família, assim como à "curto circuito"!
TEL (Tuna de Enfermagem de Lisboa -ensaios às 3ª e 5ª das 17:30- 19:30 na sede própria localizada na ESEMFR)
http://www.tel.pt.vu
Wednesday, March 14, 2007
Nostalgia...
Há aproximadamente dois anos estavamos nós, antigo 12º das OSJ, rumo à ilha do Sal, Cabo Verde. Mal sabíamos nós que a animada viagem de ida e a pitoresca (no mínimo) recepção seriam o prelúdio de uma grande aventura que nos marcaria para sempre! E como todos os anos a nostalgia se apodera de nós, estes works do Pina (inseridos numa obra maior) transmitem-nos tanta coisa para as quais as palavras são parcas e acima de tudo muitas recordações!"So why don't we go
somewhere only we know?". Um grande abraço para os visados!
Tuesday, March 13, 2007
Parabéns Resende
Hoje foi um dia sem dúvida... memorável! A nossa "Mãe", ESEMFR (Escola Superior de Enfermagem Maria Fernanda Resende), festejou mais um aniversário.O último em virtude da futura fusão com outras três faculdades na ESEL (Escola Superior de Enfermagem de Lisboa). Apesar deste facto,o espírito e o orgulho Resendeiro estará para sempre dentro de nós.É sem dúvida parte da nossa identidade! Convívio brutal,memorável,rever os amigos e a TEL (Tuna de Enfermagem de Lisboa -ensaios às 3ª e 5ª das 17:30- 19:30 na sede própria localizada na ESEMFR) e aquele porco no espeto...muito à frente! grande abrço Resendeiros e venham as fotos, Olimpíadas e o ENEE!
P.S: Há pouca gente que lute como nós...Fénixes há poucas!abrç
Monday, March 12, 2007
Requiem -Lacrimosa
Aqui fica uma das minhas melodias preferidas:
Lacrimosa dies illa
Dia de lágrimas será aquele
qua resurget ex favilla
em que o homem pecador renasça da sua cinza
judicandus homo reus.
para ser julgado!
-----
Huic ergo parce, Deus
A este poupa, ó Deus
pie Jesu Domine
piedoso Senhor Jesus
Dona eis requiem, Amen.
Dá-lhes repouso. Amen.
A última obra de Mozart foi a sua Missa de Requiem em Ré Menor, K626,encomendada pelo conde Franz von Walsegg.Inacabada por altura da sua morte,foi concluída pelo seu aluno Franz Xaver Süssmayer,baseando-se em anotações deixadas pelo próprio Mozart.
Lacrimosa (parte 6 de III-Sequentia) foi a última melodia que Mozart compôs.Segundo consta, ao acabá-la as lágrimas vieram-lhe aos olhos e deixou cair a partitura das mãos. Um pouco mais tarde, à uma da manhã do dia 5 de Dezembro de 1971, Mozart faleceu.
"Um profundo sentimento religioso é emanado daquelas notas, as quais parecem saídas de uma alma em directa comunicação com a Divindade" (desconheço autor).
Lacrimosa dies illa
Dia de lágrimas será aquele
qua resurget ex favilla
em que o homem pecador renasça da sua cinza
judicandus homo reus.
para ser julgado!
-----
Huic ergo parce, Deus
A este poupa, ó Deus
pie Jesu Domine
piedoso Senhor Jesus
Dona eis requiem, Amen.
Dá-lhes repouso. Amen.
A última obra de Mozart foi a sua Missa de Requiem em Ré Menor, K626,encomendada pelo conde Franz von Walsegg.Inacabada por altura da sua morte,foi concluída pelo seu aluno Franz Xaver Süssmayer,baseando-se em anotações deixadas pelo próprio Mozart.
Lacrimosa (parte 6 de III-Sequentia) foi a última melodia que Mozart compôs.Segundo consta, ao acabá-la as lágrimas vieram-lhe aos olhos e deixou cair a partitura das mãos. Um pouco mais tarde, à uma da manhã do dia 5 de Dezembro de 1971, Mozart faleceu.
"Um profundo sentimento religioso é emanado daquelas notas, as quais parecem saídas de uma alma em directa comunicação com a Divindade" (desconheço autor).
Sunday, March 11, 2007
Epicurismo e Carpe Diem
Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na Cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.
À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário.
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.
Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra os muros caídos,
Traspassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas...
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do seu ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.
Inda que nas mensagens do ermo vento
Lhes viessem os gritos,
E, ao refletir, soubessem desde a alma
Que por certo as mulheres
E as tenras filhas violadas eram
Nessa distância próxima,
Inda que, no momento que o pensavam,
Uma sombra ligeira
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos
Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.
Quando o rei de marfim está em perigo,
Que importa a carne e o osso
Das irmãs e das mães e das crianças?
Quando a torre não cobre
A retirada da rainha branca,
O saque pouco importa.
E quando a mão confiada leva o xeque
Ao rei do adversário,
Pouco pesa na alma que lá longe
Estejam morrendo filhos.
Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predileto
Dos grandes indif'rentes.
Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida.
Os haveres tranqüilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre.
Meus irmãos em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.
Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranqüila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.
O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.
A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.
Ah! sob as sombras que sem qu'rer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.
Ricardo Reis, 1-6-1916
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na Cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.
À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário.
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.
Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra os muros caídos,
Traspassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas...
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do seu ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.
Inda que nas mensagens do ermo vento
Lhes viessem os gritos,
E, ao refletir, soubessem desde a alma
Que por certo as mulheres
E as tenras filhas violadas eram
Nessa distância próxima,
Inda que, no momento que o pensavam,
Uma sombra ligeira
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos
Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.
Quando o rei de marfim está em perigo,
Que importa a carne e o osso
Das irmãs e das mães e das crianças?
Quando a torre não cobre
A retirada da rainha branca,
O saque pouco importa.
E quando a mão confiada leva o xeque
Ao rei do adversário,
Pouco pesa na alma que lá longe
Estejam morrendo filhos.
Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predileto
Dos grandes indif'rentes.
Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida.
Os haveres tranqüilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre.
Meus irmãos em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.
Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranqüila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.
O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.
A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.
Ah! sob as sombras que sem qu'rer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.
Ricardo Reis, 1-6-1916
Saturday, March 10, 2007
Grande Benni
O 1º post é sempre especial, e como tal vai dedicado ao meu grande irmão, desterrado para a Áustria. E como a primeira conversa de jeito que tive contigo, apesar de ser por e-mail, ter sido de um assunto que é serviço público, aqui partilho dois momentos: um para os teus companheiros "wengeristas" que te rodeiam e o outro como um dos melhores golos do ano, mais uma amostra da classe de Benni McCarthy, neste caso frente ao Salzburg para a Uefa.grande abraço !
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