União Zoófila e Associação Zoófila Portuguesa


TORNE-SE SÓCIO; ADOPTE OU APADRINHE UM ANIMAL; FAÇA VOLUNTARIADO!ESCOLHA...UM PEQUENO GESTO FAZ TODA A DIFERENÇA!

Vancouver Olympic Shame: Learn more. Por favor AJUDE a cessar este massacre infame! Please HELP stopping this nounsense slaughter! SIGN

http://www.kintera.org/c.nvI0IgN0JwE/b.2610611/k.CB6C/Save_the_Seals_Take_Action_to_End_the_Seal_Hunt/siteapps/advocacy/ActionItem.aspx

http://getactive.peta.org/campaign/seal_hunt_09?c=posecaal09&source=poshecal09

Ser Enfermeiro...

Tuesday, March 31, 2009

Chad Vader! - 2

A obra prima continua!

Monday, March 30, 2009

Minesweeper - The movie!

Este "super-produção" candidata a "sketch do ano" é para a Sara, para não desmoralizar com os três que levou;)Bj*



Momentos de ouro:

"What´s his problem?" " His dad died on the minefield"

"What if we get an 8?" "Then god help us all..."

"Why are you really here?" "I wanna make this land safe!" "WHY ARE YOU HERE SOLDIER?" "IM HERE BECAUSE IM BORED!" " Don´t you ever forget that"

"No, dont!" "Calm down, its never the first one." *BANG* "Noooo!"

"That clocks going to keep ticking until it reaches 999!" "What happens then?"
"Nothing, you just suck!"


"WHY ARE THERE MINES EVEN HERE???"

"What do we do know?" " know..we guess!"


E a personificação do smile do jogo tá de mais!

Ps: Obrigado João por esta pérola!

"Land of Opportunities!"

E hoje o post é dedicado ao Tadeu, Ti Benjamim e ao melhor país do mundo, logo terá de ser gozão!



Exactamente! "The land of Opportunities"!



Com os seus belo exércitos, cartazes e um povo (em comunismo povo = dirigentes) na maior!



Outras pérolas:
http://www.youtube.com/watch?v=D94kc8wnMoI

http://www.youtube.com/watch?v=6DQzokgGS7g



Ps: isto é um concerto "bambi" de uma "girls band" Sul Coreana em Pyoungyang. Deve fazer parte das "relações diplomáticas" (ler com a mesma voz do embaixador vilão Sul Africano do Lethal Weapon 2 - "Diplomatic Imunnity!" ), mas a maneira como a "fina flor" Norte Coreana assiste ao concerto é de morrer a rir! E fiquei a saber que BABY V.O.X. lido em Coreano soa...Baby VoxiÊÊ!

Sunday, March 29, 2009

A vós!

Ao grande Toni e Ana (e à outra menina que não conheço) pelas grandes actuações -e dinamismo de sempre!- efectuados na Egas Moniz. Aqui fica uma actuação no Jantar de Convívio das I Jornadas de Ciências da Nutrição. Grande abraço para todos!



ps: Já sabes Toni: "Erasmus..etc etc";) diverte-te!

Saturday, March 28, 2009

Eruntalon - XVII

E foi assim que apesar do novo golpe, em mais três passos e prestes a cair no chão Eruntalon alcançou a Aranel, largando o elmo da mão direita enquanto em grande esforço desferiu uma estocada esquerda descendente fraca com a espada do Nainie.

A opositora poderia ter evitado o confronto dando dois passos laterais mas o seu ódio mais uma vez toldou-lhe o raciocínio! Olhando de frente para o inimigo, elevou o braço direito em extensão bloqueando com a sua lança o fraco ataque do Ohtar! Um riso confiante ouviu-se. Mas algo lhe chamou a atenção! Com os seus olhos percepcionou um fluxo de energia que lhe havia passado despercebido para a região lateral da perna direita do guerreiro, que evidenciava um hematoma por arma perfurante, a qual não estava à vista exterior! O sorriso desvaneceu-se!Só tarde de mais a Aranel teve percepção do perigo! E não foi a tempo de o corrigir!

O guerreiro actuou mecanicamente do fundo da sua consciência “inconsciente”, desembainhando celeremente o punhal de Mirimon oferecido-lhe por Roccondil no alto da colina! A tão curta distância e com o impulso da queda do guerreiro, a lâmina da Drachenzahn perfurou a leve armadura e o abdómen da Aranel, penetrando nos abdominais médios e superiores e estilhaçando estômago e diafragma acompanhado do som oco ao embater no base inferior do esterno!

A Aranel, no seu reflexo de defesa, não conseguiu mais do que segurar a maior parte do peso de Eruntalon em cima de si, o qual também se apoiou momentaneamente na perna direita e no punhal. A sua cara pousou no ombro esquerdo da adversária.

A feiticeira sentiu uma dor aguda e fulminante que nunca havia sequer imaginado e a fez largar a lança! Incrédula, bolsou sangue vermelho vivo, que aumentou de intensidade ao tentar respirar. Engasgou-se com o fluido várias vezes seguidas enquanto não conseguiu abandonar a respiração diafragmática em prol da torácica.

A trompeta de Mirimon soou novamente pelo vale, mas não com força suficiente para a Aranel deixar de ouvir umas palavras que lhe foram ditas quase ao ouvido:

“ Hei-de arder sempre na tua fogueira…”

Eruntalon começou a deslizar para o chão.

“…mas será sempre sempre ...à minha maneira!”

E o Ohtar caiu no chão, sem antes cerrar o pulso na Drachenzahn, fazendo-a rodar com o seu peso de modo a provocar o dobro do estrago no ventre da Aranel.

A visão do guerreiro tornou-se cada vez mais turva e uma escuridão em túnel foi crescendo. Mas ainda lhe deu tempo de focar mais uma vez o sol poente…

E o Sol de Eruntalon apagou-se.


The higher we soar, the smaller we appear to those who cannot fly.
Nietzsche


Perguntei a um sábio a diferença que havia entre amor e amizade, ele disse-me essa verdade... o Amor é mais sensível, a Amizade mais segura. O Amor dá-nos asas, a Amizade o chão. No Amor há mais carinho, na Amizade compreensão. O Amor é plantado e com carinho cultivado, a Amizade vem faceira, e com troca de alegria e tristeza, torna-se uma grande e querida companheira. Mas quando o Amor é sincero ele vem com um grande amigo, e quando a Amizade é concreta, ela é cheia de amor e carinho. Quando se tem um amigo ou uma grande paixão, ambos sentimentos coexistem dentro do seu coração.
William Shakespeare



Em qualquer dia
A qualquer hora
Vou estoirar
P`ra sempre
Mas entretanto
Enquanto tu duras
Tu pões-me
Tão quente

Já sei que hei-de arder na tua fogueira
Mas será sempre sempre à minha maneira
E as forças que me empurram
E os murros que me esmurram
Só me farão lutar
À minha maneira

Por esta estrada
Por este caminho a noite
De sempre
De queda em queda
Passo a passo
Vou andando
P`ra frente

Já sei que hei-de arder na tua fogueira
Mas será sempre sempre à minha maneira
E as forças que me empurram
E os murros que me esmurram
Só me farão lutar
À minha maneira

Friday, March 27, 2009

Chad Vader!

Chegou o "ultimate Darth Vader"! Simplesmente hilariante!Saudações!

Gira a bola!

E o penúltimo jogo do grupo foi ganho por 10-3, o que significa que mediante o empate de dois adversários, apenas nos basta ganhar o próximo para seguirmos para as meias! Jogaram:

Pedro Sousa
D´zrt
Nico
Eva
Dua
Assis
Luís
João

Marcadores: Eva (6 acho eu), Nico, D´zrt e Dua (um deles bisou, agora qual?:P)

Siga!

Eruntalon - XVI

Eruntalon encontrava-se de joelhos, apoiado no braço direito, tentando focar a sua inimiga durante os espasmos que lhe acometiam. Entre a sua visão que se encontrava cada vez mais turva viu a Aranel ler as folhas. De seguida a sua cara de ódio. Por fim, a sua obra a arder.

O guerreiro, naquele estado de turpor e inconsciência, terá visto naquele gesto uma ameaça de vida para quem amava? Ter-se-á recordado de todos os sacrifícios que havia tido? Ou o tempo que havia dado por e para exprimir aqueles sentimentos? Não o sei dizer! Apenas sei que tudo se passou muito rápido! Nesse exacto momento três coisas sucederam-se em cadeia.

Em primeiro lugar, uma corneta soou no vale! Todos os presentes olharam para o horizonte e viram entrar no vale - do lado em que o haviam feito - uma extensa linha de Ohtars! Não vos sei dizer se Eruntalon ouviu ou distinguiu a corneta de Mirimon! Penso que não, mas o resto tenho a certeza: apesar das lesões incapacitantes, Eruntalon protagonizou um milagre…sentiu algo dentro de si, desfez-se do torpor e uma palavra ressoou na sua mente: “substimaste-me”!

Inexplicavelmente ganhou forças, impulsionou os membros inferiores, levantou-se e começou a correr na direcção da Aranel. Só a focava, apesar de um Nainie e de Úra o separarem da feiticeira. Devido às lesões, a cada passo perdia o equilíbrio e a força, pelo que os 7 metros que a separavam da guerreira foram percorridos num desequilíbrio crescente. O inimigo foi apanhado de surpresa; todos haviam olhado para os Othars e apercebendo-se do barulho depararam com o que parecia ser uma miragem: Eruntalon levantara-se e corria!

A Aranel fitou-o com os seus olhos conspurcados de essência e viu o enorme fluxo de energia brilhante que se lhe havia gerado no coração, sendo transportado até grande parte das lesões do corpo, especialmente as pernas, permitindo-lhe mover-se uns metros. Apesar dos seus ataques cirúrgicos…como é que ainda se mexia?? A incompreensão fez a ira crescer…

Entretanto aconteceu o terceiro fenómeno e tudo se desenrolou em curtos e poucos segundos. Enquanto o cavaleiro seguia direito à inimiga, alcançou o primeiro Nainie que embora surpreso desferiu uma espadada. O comandante apenas viu a arma reluzir ao sol! Contudo o movimento foi interceptado por Heru! Este surgiu rapidamente e mordeu a mão que empunhava a arma, a qual foi largada no ar. Simultaneamente, e de modo completamente mecânico, o Ohtar desferiu um murro fraco mas eficaz com a esquerda, pegando na espada deficientemente com o mesmo membro devido à condição do pulso, enquanto levava o braço direito à cabeça.

A três passos estava Úra que foi mais lento a reagir mas tentou uma estocada. Não muito eficaz, pois Eruntalon retirou o elmo e desferiu-lhe a quina na cara, cegando-a e desfigurando-lhe o maxilar, enquanto a espada da opositora lhe fazia um corte na anca direita.


Victory - Toshiro Masuda

Thursday, March 26, 2009

Eruntalon - XV

Solidão…
De ti, de te rever
Tempo para remoer
Esta ausência bem sentida
Lentamente volvida
E que faz doer!
Em mim,
Dois pólos sem fim,
Coração e razão,
Encontram-se em conflito!
Normal atrito
Num romântico
E bem logrado
Apaixonado!
O cérebro trabalha,
A cabeça pensa
Com o seu cântico
O que é ofensa
Para o coração...
Lança dúvidas bem dúbias,
À minha reflexão
Dúvidas se o que tenho mantido
Tão fortemente a ti rendido
Alguma vez será correspondido!

Só faz a sua função
Tentar puxar a razão
Elucidar-me o coração,
Mas o que desconhece
É a sensação que me empurra
E contudo me esmurra:
O que por ti sinto
E que, de modo sucinto,
Te tento mostrar
E quem sabe encantar!
E só quando ela,
Sensação, coisa bela,
Forma um sentimento
Aí sim o reconhece!

E se não está convencido
Pouco importa…
Aliás, que me importa!
Já está vencido
Pela comporta
Que me bombeia a vida,
Ma faz viver
E sentindo, a perceber!

E que dizer
Quando longe estás
À frente ou atrás
Do que a minha vista alcança...
Ao contrário das fronteiras,
Limites e barreiras
Da minha querida esperança!
É quando pego num retrato teu
Não um qualquer,
Que mal te quer,
Um que é parte do meu mundo
Que considero com amor,
Sinceridade e furor
Máximo expoente
Para uma recordação
Tal sol nascente de uma nação!
Para mim, a tua foto de eleição…
É a perfeição
Um hino ao coração!

Pois basta nela pegar
E com calma visualizar:
Uma situação momentânea,
Um momento captado
E para mim encantado!
Quando a vejo
Que lindo beijo
É para minha alma
Tal combate a vivalma!
Lá presente,
À minha frente
Tu, com esse sorriso espontâneo
De simpatia irradiante,
Imagem de marca do teu semblante,
Que me faz bradar:
Um sorriso
ou quiçá riso…
Ao invés do ouro
São o tesouro!
Um agradável sorriso
Alegre e caloroso
Simples e amoroso
Constante e convidativo?
Chamamento imperativo!
E o agradável riso
Por vezes traquino?
Subscrevo graciosa verdade
(independentemente de amores):
“O sol é para as flores
O que o teu sorriso é para a Humanidade”!

E que dizer do teu olhar?
Doce luar!
Um lindo mar
Para me perder,
Antro de saudade
É a sua especialidade!
Infinito oceano, onde sou náufrago à deriva
Onde meu rumo é parco de iniciativa
Embalado pela maresia
Reconfortante fantasia
Nele vou a todo e lado algum
Sou como um dado
Somo todos os números menos o nenhum!
E quando contigo estou
Que bom, o vazio passou!
O teu olhar
Alegre, bondoso
Tão amistoso
Lindo de contemplar
Traz-me calma
E curiosamente arrebate-me a alma!
Mas ainda digo mais do teu olhar:
Calmo, cristalino
Qual pedaço de seda macio e fino!
Com aquele brilho característico,
Aquele fulgor místico!
Muito traduz
O que estás a sentir,
O qual é irradiado como luz:
Alegria, compaixão, bondade, ternura!
Banha-me a alma sem cura!
E às vezes chega um só olhar...
É tão claro que nem tens de o repetir!

E que dizer da tua expressão
Plena de emoção
Doce, especial
Única e magistral!

E o teu cabelo?
Lindíssimo, formoso novelo!
É dono de um aroma
Que o meu coração de amor assoma!

Estes dons,
Sorriso, riso, olhar,
Ímpares como os sons,
Do teu cerne é emanado
De tal maneira,
Tão fortemente
Que às vezes é a mais linda brincadeira
Apenas e somente
Que sejam interpretados e desbravados!
Logo que mais gostar?
Que mais amar?
A tua física beleza
Digna da mais bonita princesa?
Ou o teu mágico interior
Pelo qual também morro de amor?
A resposta face a estes dois campos,
É tão simples: ambos!

E a tua personalidade,
Capacidade de expressão e filosofia
de vida, é só magia!
É a mais alegre verdade!
Isto faz com que para te compreender
E de igual modo conhecer
Tantas vezes não se precise de palavras ou gestos!
Uma oferta para os mais lestos!
E qualquer tua palavra
Redigida ou vocalizada,
A incompreensão desbrava
Sendo sempre mais forte que a espada!

Apenas alguns aspectos referi
Esplendorosos, não me conti
Mas outro segredo tenho a contar
É que esta imagem
Tal revigorante aragem
É a paz para a minha guerra
Enterrando-a sob a terra:
É o que me une
Pois ordeiramente reúne
Alma, coração e razão
Parando a confusão!
É a ponte
E simultaneamente fonte
Que me faz sonhar e relembrar
As lindas histórias
Gravadas em mil memórias
Coisas lindas
Vividas, comentadas,
Já passadas
Mas nunca findas!
Sempre lembradas...
Inúmeros dias mágicos
Momentos nostálgicos!
E alguns deles já contei
Noutro poema que elaborei

E não resistindo novamente
Te dedico sinceramente
O que o meu coração proclama
E minha alma aclama:

Por vezes os tormentos
E o risco de maus momentos
Leva o Homem a recear,
Ao medo de Amar,
A temer naufragar!
Mas por Ti...
Tudo enfrento
Nada lamento
Sempre lutarei
E tudo empreenderei
Porque és a minha princesa
A maior realeza
Do meu coração
És a minha paixão!
E se algum dia disserem que te esqueci
Chora, pois nesse dia eu morri!

Poema ou flor
Transmitem amor, luz e cor
Para uma donzela bela, formosa
Ofereço esta simbólica rosa!

E finalizando,
Do principal assunto não me desviando
Metaforicamente bradando:
Apesar de ser baço
E um pequeno pedaço
Este retrato fino e de papel,
Para mim é como mel!
Pois longe de ti
É bem importante
É como adoçante
Para o meu dia-a-dia
Na solidão...é-me uma alegria!
*

Foto/retrato


A Aranel acabou de ler aquelas palavras e observou o retrato da mulher pintado no fim da folha, a qual não distava muito da sua fisionomia. Tudo lhe era mais claro agora. Mesmo tendo crescido num mundo diferente e mesmo no meio do seu ódio, teve um vislumbre do que era a força do amor e dos sacrifícios que podia implicar. Percebeu que era provavelmente a força mais forte do mundo e que levava seres insignificantes, feridos e em inferioridade numérica a ultrapassarem todas as suas potencialidades e a fazerem autênticos milagres por aqueles que amavam.

Pela primeira vez na vida, a feiticeira sentiu inveja pelo que descobrira ser a força de amar. Esse sentimento exponenciou-lhe ainda mais o ódio! E canalizou mais essência para as mãos, distribuindo-a por aquele rolo de folhas que irromperam em chamas...


*Autor: João Veloso




Antes Da Escuridão - Mafalda Veiga


São tantas batalhas, é tão funda a dor
São tantas imagens de abandono e desamores
Há gente caída no chão
Sem ninguém que os abrace, sem ninguém que os levasse
Antes da escuridão

Então desenho o teu corpo em mim
A forma da tua mão em mim
Pudesse ser essa a forma do mundo inteiro
Acordo só para te ver dormir, assim, em paz

São tantos os medos calados por dentro
Estilhaços de guerra sem luar nem vento
Cravados tão fundo no peito
Sem ninguém que os arranque, sem ninguém que estanque
O mal que foi feito

São tantos olhares de espanto vazios
E é tanto escuro e faz tanto frio
Há gente caída no chão
Sem ninguém que os abrace, sem ninguém que os
levasse
Antes da escuridão

Então desenho o teu corpo em mim
A forma da tua mão em mim
Pudesse ser essa a forma do mundo inteiro
Acordo só para te ver dormir, assim, em paz

Então desenho o teu corpo em mim
A forma da tua mão em mim
Assim, em paz!

Wednesday, March 25, 2009

Blog de Ouro!



E hoje tenho a honra de dizer que recebi um prémio simbólico com uma bela imagem já há alguns dias! Aqui o exibo e como ditam as regras, ofereço a quem o acho merecedor!

Regras:
1- Oferecer a blogues que têm o estilo de ser.
2- Deves exibir a imagem do selo do prémio no teu blog.
3- Não te esqueças de avisar (por comentário) os blogues que forem indicados.

Seguem-se os distintos contemplados:
1- http://125asul.blogspot.com/, pelos apaixonantes e distintos relatos de peripécias, cultura e natureza que nos trazes de longe....muito longe!Aguardo a próximo encontro;)!

2- http://ceposdos90.blogspot.com/ , pelo recordar das grandes "pérolas" que pisaram os relvados nacionais na década de 90, assim como pelas histórias de bastidores!

3- http://duquecanino.hi5.com/friend/p346434434--Duque_Avel%C3%A3s--html, ao salsicha(ok não é um blog mas fechem os olhos)!

4- http://vendoaminhamae.blogs.sapo.pt/, pelo incrível dos classificados!

5- http://www.a-vida-e-os-outros.blogspot.com/, pela arte!

6- http://www.atomic-kim.blogspot.com/, pela irreverência e "humor underground"!

7- http://www.munkybiz.blogspot.com/, pelas conversas de Naruto, furões, o misterioso laboratório e muito mais!

8- http://expressaodemim.blogspot.com/, por todo o conteúdo escrito por um "trovador da nova era", como nos apelidaste!

9- http://www.justforamoment.blogspot.com/, pelo teu génio, poeta!

10- http://www.paletedecores.blogspot.com/, pelo VIVER!

11- http://withdreamsifly.blogspot.com/, pela proveniência e partilhas!

Eruntalon - XIV

Acometido por um novo fôlego e uma fúria sentimental, Eruntalon esticou o braço direito e no último momento pegou no estandarte, cuja haste tinha uma ponta metálica afiada. Devido à erva um pouco alta e ao entusiasmo, o Nainie só viu tarde de mais o golpe do opositor. Este, de joelhos, desferiu um movimento rotativo ascendente, cortando o peito do inimigo. Com um esforço que vai além de qualquer tentativa de descrição, o Ohtar pôs-se de pé cambaleando. De seguida, como um animal encurralado, desferiu movimentos rotativos com a comprida haste tentando manter o inimigo a distância, que entretanto o cercara.

“Irei levar o máximo comigo”, era o seu único pensamento.

E foi então que chegaram Úra e a Aranel correndo. A feiticeira, com a sua lança, estagnou furiosa ao observar tamanha persistência e resistência do cavaleiro ferido, que com uma fácies de eterno sofrimento tentava afastar e atingir os vários homens que o haviam ladeado. Já Úra, mais célere, passou pelos cadáveres de dois soldados vítimas do Ohtar e demonstrou a razão de ser aprendiz da Aranel:aproximou-se do raio de acção do comandante, desembainhou a sua espada e no momento certo deu dois passos laterais, desferindo um corte vertical. A haste foi cortada em duas! Mesmo assim, Eruntalon continuou a brandir o curto pau, que lhe conferia uma resistência ridícula! Os Nainies deram todos um passo a frente prontos a o trespassarem simultaneamente quando a sua Mestre deu um grito de contenção! Todos pararam.

“Ele é meu!”, bradou.

O ódio que se lhe gerou misturado com a dor forte do braço facturado deu-lhe acesso a pequenas reservas de essência que nunca julgaria ter. Primeiro canalizou-as para os olhos, para perspectivar a condição do adversário. Iria fazê-lo sofrer antes de o exterminar por completo! Mas ficou sem palavras… a representação dos fluxos de energia do cavaleiro que se formou na sua mente indicaram-lhe todas as suas lesões corporais! A Aranel ficou incrédula como o Homem ainda se mexia. Tal quadro só lhe aumentou a ira!

Canalizando mais essência para a mão direita, desferiu três raios incandescentes para pontos anatómicos estratégicos do cavaleiro.Os raios passaram entre o Nainie e Úra que estavam entre si e o inimigo, atingindo-o. Os dois primeiros abateram-se sobre o tornozelo direito, queimando e destruindo cartilagens e ligamentos. O último não foi tão certeiro e em vez do rim esquerdo bateu na base superior da bacia, perfurando o que restava da armadura, pele e músculo e fazendo soltar-se a pequena bolsa de couro do cavaleiro. Como resultado, Eruntalon caiu de joelhos com o tronco levantado, largando a haste e emitindo o que foi uma mistura de dor e sangue bolsado. Estava indefeso e deixou de sentir dor por completo. Nem o corpo sentia. Sabia agora que o fim estava próximo...

Entretanto a Aranel viu a bolsa ser projectada para o chão, soltando o seu conteúdo aos seus pés. A feiticeira viu a rosa e o rolo de folhas e acometida por um misto de curiosidade e ódio pegou nelas, começando a lê-las. Sabia que agora o guerreiro estava a sua mercê. E à medida que foi passando os olhos por aquelas linhas foi percebendo a génesis de tamanha força do cavaleiro e dos Ohtars:


Homem do Leme - Xutos E Pontapes


Sozinho na noite
um barco ruma para onde vai.
Uma luz no escuro brilha a direito
ofusca as demais.

E mais que uma onda, mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,
vai quem já nada teme, vai o homem do leme...

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...

No fundo do mar
jazem os outros, os que lá ficaram.
Em dias cinzentos
descanso eterno lá encontraram.

E mais que uma onda, mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo, impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,
vai quem já nada teme, vai o homem do leme...

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...

No fundo horizonte
sopra o murmúrio para onde vai.
No fundo do tempo
foge o futuro, é tarde demais...

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder

Tuesday, March 24, 2009

´Bora lá malta!

Eruntalon - XIII

Eruntalon conseguiu discernir os inimigos que se aproximavam entre a névoa que se havia tornado a sua visão, herança do choque e da reduzida volémia. E pela primeira vez…apeteceu-lhe desistir! Deixar-se sucumbir e morrer em paz!

O cavaleiro tinha dores que mal conseguia percepcionar. Estava esgotado. Não tinha forças. As fracturas debilitavam-no imenso, mal conseguindo respirar. Não tinha a sua espada. Queria desistir. Sim, estava farto...e iria em paz. Farto do que sempre deu à causa: tempo, anos de demanda; sacrifício, pelos mais simples e os mais complexos gestos, pela entrega; saúde; sonhos, quase todos os que tinha. E o que tinha ganho? Sofrimento era a palavra mais corrente, em que oferecia mais ao Outro do que alguma vez ganhara. As suas mãos cerraram-se na erva alta que o rodeava e o sangue que lhe corria da face ficou mais aguado. Mas o cavaleiro nem se apercebeu das lágrimas!

Sim, iria ser como a maior parte dos seus conterrâneos, que não sacrificam a alma, coração e um futuro mais pobre e conformista em prol de uma vida de esperança. Adjudica-se a esse direito!

Olhou em frente. O primeiro Nainie vinha ai, de espada em riste com vontade de ter os louros de ser a personagem que iria matar o “grande Ohtar”. Estava cada vez mais perto, só mais uns curtos momentos. E foi quando reparou. Ao seu lado estava deitado o estandarte vermelho dos Ohtars e a alguns metros o cadáver do cavalo e do porta estandarte. Eruntalon viu a cara dele manchada de sangue e lembrou-se do seu discurso no cimo da colina. Focou a bandeira e lembrou-se do que representava. Dos seus ideais. Da sua luta e da dos irmãos. Dos seus sacrifícios. Lembrou-se...de quem amava!


Enclosure - Metal Gear Solid - Kazuki Muraoka

Cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser…

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto…
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço…


Álvaro de campos

Monday, March 23, 2009

Vergonha!

Ontem estava a espreitar o "jornal das 6" da TVI24 porque lá foi o Paulo Bento comentar a vergonhosa arbitragem de Sábado. Além do apresentador, (não me lembro se havia uma Sra. também) encontravam-se também três comentadores e o Sr. Jorge Coroado.
Estava eu a ouvir aquela conversa que "mete nojo" por estar farto das roubalheiras nesta época (relembro O SLB-Braga e Braga-FCP, com grave prejuízo para os bracarenses, assim como o SLB-FCP, com o episódio mais grave que me recordo de ver - o penalty fantasma do Lisandro) quando o Sr. Jorge Coroado teve uma que me estarreceu!

Esse Sr. que (parece que) fez da arbitragem uma profissão, saiu-se com comentários deploráveis!Estava-se a discutir a possibilidade de o Sr. Lucílio Baptista só após ter marcado grande penalidade e ter expulsado o Pedro Silva ter tido indicação do auxiliar de que não era castigo máximo e,consequentemente, a viabilidade e a "legalidade" que o árbitro tem de voltar atrás e rectificar decisões como um penalty ou uma expulsão. O que toda a gente sabe que é possível, menos os comentadores que fizeram a pergunta!

E agora o incrível! O sr. Jorge Coroado, logicamente, disse que era possível mas que eram decisões difíceis de tomar. E exemplificou: certo dia havia arbitrado um clássico Benfica-Porto na antiga luz. A equipa encarnada faz um contra ataque rapidíssimo e Jorge Coroado encontra-se naturalmente atrasado em relação ao lance, apenas o "vendo de trás". Karel Poborsky surge isolado em frente a Vítor Baía e, face à saída do guardião, cai no chão. O árbitro diz no estúdio que lhe pareceu ser simulação do Checo mas como estava em posição menos privilegiada que o fiscal de linha, olhou para ele. Como não se usavam intercomunicadores, a linguagem era puramente gestual. O fiscal de linha andou então para a zona correspondente a penalty e Jorge Coroado e bem, assumindo a sua má posição, marcou penalty contra o seu juízo do que vira. Entretanto assinala dá cartão amarelo a Vítor Baía, que refere que lhe ia jurando que não fizera nada.

Entretanto olhou outra vez para o fiscal, que no prolongamento do movimento anterior, coloca-se no sítio da linha correspondente ao contacto de Baía com Poborsky, o que naturalmente era indicação de que o que ele vira havia sido simulação. E o Sr. Jorge Coroado naturalmente percebeu o seu erro e que como pensava anteriormente, não era penaly! MAS AQUI VEM A VERGONHA! Referindo que "era uma situação complicada", e que se voltasse com a sua decisão atrás (anular marcação do penalty) teria a "fúria do 3º anel" contra ele, optou por deixar seguir o jogo, e que "felizmente" (PALAVRAS DELE!), Baía defendeu o lance.

Agora pergunto-me!O que é que o Sr Jorge Coroado era? Árbitro! O que é suposto um sr. com essa profissão fazer no campo? Justiça! Esse indivíduo teve o descaramento de dizer em directo que se apercebeu do seu erro e não o remediou, com medo da reacção da equipa e do público da casa! O árbitro está somente no campo para fazer justiça! Para a segurança existe a polícia! Por isso é que é obrigatório haver agentes da autoridade em cada jogo! Mas Além da obrigação do Sr Jorge Coroado, e para o qual É PAGO, é o DEVER MORAL que tem tem de fazer justiça. É igual a um JUIZ, mas desportivo!

Literalmente fiquei "chocado". A lata com que um árbitro "com nome" diz isto às claras na TV e nem se quer os comentadores contestam, faz-me perguntar: que m* é esta? Desculpem-me a expressão mas se eu estiver a trabalhar, souber que estou a errar e negligenciar o meus actos, provavelmente serei despedido, como qualquer trabalhador normal. Ou preso, porque posso matar um utente, dependendo do meu acto. Já esse Sr. que é a autoridade máxima num campo de futebol dá-se ao luxo de errar tecnicamente e moralmente ( e desportivamente é um erro com repercursões graves) e desprezar as suas responsabilidades. Mas fala-se às claras e ninguém diz nada, o que leva a perguntar também a qualidade dos repórteres e comentadores. Se uma criança viste isso, perguntava ingenuamente: mas ó papá, o árbitro não está lá para fazer o que está certo? Num país em que vemos isto em qualquer lado na política, justiça. etc e quando vemos mais destes comportamentos em profissões que não são altamente remuneradas mas com grandes deveres morais , é que vemos bem a qualidade das pessoas que conspurcam a nossa sociedade e que constituem um cancro! O país está a ir pelo saco roto...

Já agora paguem-me que também vou arbitrar. Não tenho curso, mas quando errar não faz mal, deixa andar que se pode fazer!


Eruntalon - XII

O dragão mergulhou de boca aberta, preparado para rasgar o cavaleiro em dois com os dentes afiados como navalhas! Simultaneamente rugiu! O grito horrível feriu os tímpanos de Eruntalon e encheu-lhe a cabeça de dor. A boca aberta tinha o dobro do tamanho do guerreiro. Os olhos da besta resplandeciam como um inferno vermelho, cor de sangue. As suas garras com o tamanho de três espadas prometiam um fim não menos doloroso! Foi então que a besta, na iminência do embate, esticou as asas para ganhar envergadura. Voava apenas a dois metros do solo. E naqueles segundos antes do embate, foi fácil ver que o dragão descaía ligeiramente para a esquerda devido ao ferimento na asa direita, o que expunha levemente o ventre.

Eruntalon descortinou a sua oportunidade. O sopro da boca do animal impediu-lhe os movimentos. Cambaleou zonzo, mas conseguiu manter-se em pé. Sustendo a respiração para conseguir o golpe mais certeiro possível, o Ohtar saltou para a esquerda enquanto brandiu a espada, descrevendo um arco traiçoeiro. O dragão, apanhado de surpresa, foi forçado a puxar a cabeça para trás para não ser decapitado, o que lhe provocou uma pequena rotação externa direita do corpo. Eruntalon esperava descontrolar-lhe o voo mas as asas da criatura mantiveram-no firme.

Mas foi suficiente! Um centésimo de segundo mais tarde, no qual o cavaleiro nem tempo teve de cerrar os olhos, as garras direitas do dragão desceram por reflexo da rotação do resto do corpo, embatendo com estrépito no escudo do comandante. Contudo, como estavam mais baixas de que o esperado, não o despedaçou. Ao invés, apenas a garra correspondente ao polegar direito apanhou Eruntalon e, por milagre, não lhe atingiu nenhum órgão vital: despedaçou o escudo em bocados, seguindo-se a armadura de ferro do guerreiro: primeiro no braço e axila, perfurando-lhe a cabeça longa do tríceps braquial e a extremidade lateral do peitoral maior; de seguida no tronco, perfurando redondo maior e menor e serrátil anterior e partindo duas costelas. O guerreiro ficou assim miraculosamente “semi-empalado” na garra direita em pleno voo. E no auge da fadiga física e mental e no pico da adrenalina, não sentiu a dor nem se apercebeu da pele e músculo que perdeu, assim como do sangue sangue que cuspiu. Apenas percepcionou três coisas: o ar que lhe assobiava aos ouvidos, esvoaçando-lhe a pasta de cabelo e sangue seco; a espada que oscilava pela corda e o ventre do animal, mesmo ao seu lado.

Entretanto a besta controlou o seu movimento de rotação involuntário e olhou para o cavaleiro. A Aranel, meio aturdida pela oscilação fez o mesmo. O cavaleiro, reagindo mecanicamente, segurou a espada e rodou o pulso direito com toda a sua força. A arma rodou 360º e cortou a corda de vez. O olhar da feiticeira cruzou-se com o do Ohtar e o que lhe lru nos olhos resume-se numa palavra: determinação!. Então percebeu o perigo! Mas era tarde de mais! Instantaneamente rodou o ombro direito para lhe lançar a lança, enquanto a besta subiu as garras direitas na direcção da boca enquanto impulsionava a cabeça na direcção do cavaleiro. Só que não chegou a tocar-lhe! Na fugacidade desse movimento, passou Eruntalon pela frente do seu ventre. O Ohtar partia com a vantagem da surpresa e foi rápido a focar a zona ventral pretendida, lançando a espada com toda a força possível.

Foi feliz! Acertou em cheio! A tão curta distância a espada (já vos disse que era élfica?) duplicou a velocidade beneficiando da deslocação da montada e consequente ar e perfurou facilmente as placas de couro e as sólidas escamas que constituam a protecção artificial e biológica frontal do dragão, jorrando sangue vermelho para o ar. A arma rompeu por vários tipos de tecido, passou pelos largos orifícios entre os enormes costelas frontais e alojou-se no coração. A besta grunhiu de dor e reflexivamente ergueu a cabeça para trás e afastou a garra direita da boca. A Aranel abortou o lançamento da lança no último instante para se agarrar à sela e evitar ser projectada. As essências da lâmina e do coração misturaram-se, e como forças com a mesma carga energética se afastam, a reacção mágica e física no corpo da besta não foi excepção!

As essências reagiram e explodiram, afastando-se em sentidos opostos. A espada saiu disparada na vertical, com o punho para cima mas com tal força que abriu caminho e foi projectada pelo dorso da besta a dois pés da sela da Aranel. O coração implodiu, a caixa torácica rachou e as vísceras eclodiram do ventre para o exterior da besta. Esta, guinchando, teve nova rotação externa direita perdendo altitude. A garra direita subiu e o cavaleiro teve a sorte de a deslocação do ar desprender. Foi projectado, caindo com grande estrépito no chão mas evitou ficar esmagado na queda do dragão.

Entretanto a besta caiu no chão com tal força que arrastou-se vários metros para cima dos próprios Nainies, arremessando uns e esmagando outros e deixando um rasto de fluidos ventrais e vísceras. A feiticeira foi projectada directamente por cima da montada, caindo mesmo a sua frente mas usou alguma da essência que ainda dispunha para aparar a queda. Salvou-se de se esmagar contra o solo, mas o choque foi duro, tendo partido o rádio esquerdo.

O dragão e a Mestre haviam caído no meio dos Nainies mais avançados, visto que voavam na sua direcção, e Eruntalon estava um pouco mais atrás. Soldados em choque rodearam a besta e a guerreira, olhando para o que julgavam ser impossível. Alternavam com o olhar para o corpo do cavaleiro responsável situado ao longe, que tomaram como morto.

Mas este não estava acabado! Nas últimas, mas vivo! Caíra bem, no sentido de não ter morte imediata. Havia partido mais cinco costelas, o “pulso” esquerdo e feito uma entorse do mesmo lado. Para completar o quadro, uma pedra cortante do solo havia-lhe trespassado o elmo com força suficiente para lhe fazer novo corte superficial no crânio, por onde sangrava abundantemente. Juntamente com as hemorragias resultantes da carga do dragão, começou a tingir o solo de vermelho em grande quantidade.

E agora sim, sentia as dores! Tão fortes como mil lanças a trespassarem-no! Tentou levantar-se mas pouco mais conseguiu do que se pôr de joelhos, bolsando sangue a cada expiração. Os Nainies, embasbacados, viram-no mexer-se e correram na sua direcção.

Entretanto a Aranel foi auxiliada a levantar-se por Úra. Olhou para a sua besta, cuja face estava a poucos metros, fitando a Mestre. Expirava pelas últimas vezes na fase agónica, expelindo ar e sangue das narinas. Os olhos vermelhos foram lentamente perdendo intensidade: primeiro o brilho vermelho; depois a próprio encarnado foi escurecendo até que se tornar completamente preto. A feiticeira sentiu então a ligação da essência quebrar-se e percebeu que a sua montada partira. A dor e o ódio que se geraram foram imensuráveis, personificados num grito que ecoou pelo vale. Rodando a cabeça viu Eruntalon não muito longe, prestes a ser alcançado pelos seus homens. E correu para lá, rumo à vingança!




Strong and Strike - Toshiro Masuda

Sunday, March 22, 2009

Carpe Diem!

"Magnetic", "Croissant", bairro alto e "Chapitô". Grande companhia, grande noite!À nossa!

Eruntalon - XI

Uma seta vermelha foi impelida a grande velocidade, passando por cima de inúmeros elmos. Entre uma estocada, Eruntalon ouviu um grito conhecido e viu a aproximação do curioso projecto e da morte que o rondava. Não teve tempo para reagir. Piscou os olhos como reflexo, mirando a seta enquanto sentia o coração. De repente viu uma sombra passar-lhe à frente. No segundo seguinte, só viu ar! Olhando para o lado e viu o terceiro Ohtar cair da montada com o projéctil perfurando-lhe um pulmão. Percebeu o sacrifício enquanto Roccondil matava o Nainie que o ia atacar pelas costas, arrancando de seguida o punhal da coxa com um asgar de sofrimento. Entretanto o grito de frustração de Úra fez-se ouvir. Despertando para a dura realidade, viu mais 10 opositores que se aproximavam dos dois cavalos. Virando a cara para o amigo disse-lhe:

- A Aranel...ao meu sinal!


O companheiro respondeu-lhe com um grunhido sofrido, o mais parecido com uma expressão afirmativa que conseguiu reproduzir naquele momento. Os cavaleiros colocaram-se em posição de defesa, cessando depois os seus movimentos. Deitavam suor e sangue pelas extremidades dos membros e as armaduras outrora prateadas eram agora da cor de grande parte do vale: vermelhas.

A Aranel, desfrutando do espectáculo, e vendo a horda que se iria abater sobre os últimos dois sobreviventes, temeu não ter tempo lhes dar o golpe final, pelo que se elevou-se no ar e dirigiu-se para a contenda.

Os Nainies alcançaram Eruntalon em poucos segundos, motivados para invariável vitória. O Ohtar e Roccondil esperaram até ao último instante para atacarem. Pressionando os estribos contra a anca das respectivas montadas, Lomion e o congénere berbere deram coices à retaguarda enquanto giravam sobre si. Simultaneamente, Eruntalon e Roccondil usaram da confusão e da surpresa para bloquear os ataques. Eruntalon utilizou o escudo para desviar duas espadas e manobrando a sua arma foi desferindo golpes ascendentes e descendentes, alternados com estocadas. Face à velocidade dos movimentos do comandante, proximidade crescente do dragão e à reacção da essência, as palavras gravadas na sua lâmina intensificaram o brilho, reluzindo ainda mais ao sol e deixando um rasto dourado no ar lembrando chamas. Os inimigos, tomados de surpresa por tal impulso assassino, assustaram-me perante tal quadro: no meio do turbilhão de Nainies, Eruntalon afigurar-se-lhes-ia o génio do extermínio, cavalgando um corcel de asas de fogo!

O comandante retirou a lâmina do pescoço do último Nainie daquele grupo, sendo banhado de fluidos que espirraram da jugular com um som “húmido”. Olhando em redor viu a reacção do inimigo, que diminuiu a velocidade a que se dirigiam. Em pouco tempo teriam 50 Nainies acima deles. Eruntalon viu então a sua hipótese e gritando a Roccondil girou Lomion e cavalgou na direcção da Aranel. Perseguidos por todo o inimigo, só tinham agora na frente 3 soldados.

Os irmãos de armas usaram da sua experiência o que lhes permitiu desviarem-se dos ataques dos opositores. Um caiu cortado por Eruntalon, outro foi ferido por Roccondil mas o último feriu Lomion na coxa direita. O garanhão começou a perder velocidade, o que era problemático pois agora haviam ultrapassado as 2 linhas de Nainies! À sua frente, tinham o vale todo e o dragão que se aproximava perigosamente! A Aranel vendo a última jogada dos cavaleiros e sabendo do estado da sua montada decidiu resolver o assunto de vez. Ordenou uma descida rápida do dragão, começando a acumular toda a essência que ainda sentia no seu interior para a sua montada. Esta guinou quase repentinamente. Apesar da asa ferida, sabia bem usar as suas toneladas de peso para o efeito.

Entretanto Eruntalon seguia na dianteira, com o seu amigo na retaguarda. Sem virar a cabeça gritou-lhe o mais alto que conseguiu:

- Formação horizontal, já!

Simultaneamente, retirou do alforge da sela o seu bocado de corda. Em três segundos, enfiou o braço direito num laço e a espada noutra, puxando os respectivos nós. Estes ficaram bem apertados na arma e na protecção metálica do braço direito. Sabia que aquilo poderia ser o seu segundo trunfo do dia. Entretanto, durante aquele processo, o companheiro, apesar de bastante ferido ainda conseguiu reagir rápido colocando-se ao lado de Lomion. Sabia que a única maneira de sobreviverem à investida era desviarem-se para lados opostos.

Entretanto o dragão chegou à fase final da descida e a Aranel acabou de canalizar a essência. A besta recebeu-a directamente no coração, mobilizando-a instantaneamente: formou uma rajada de fogo enquanto se abatia sobre os cavaleiros.

Provavelmente devido ao cansaço, os cavaleiros não tiveram tempo de reagir mais rapidamente, mas ambos conseguiram evitar o cerne do ataque, desviando-se para a esquerda e direita. Muito deveram à qualidade dos cavalos. Contudo, foram atingidos pelas chamas. Eruntalon conseguiu aparar o embate com grande parte do escudo, sendo no entanto cuspido de Lomion, que caiu no chão ferido com queimaduras. O Ohtar estatelou-se no chão com a parte exterior da armadura em brasa e a pele a ser queimada na zona lateral, a mais exposta. O escudo estava meio derretido mas tinha feito a sua função. Miraculosamente não partiu ossos já que aterrou numa zona com ervas bastante altas. A dor da pele era forte mas o que viu fê-la esquecer: Roccondil jazia a vários metros de si, com a armadura derretida e a fumegar. Cheirou-lhe a carne queimada! O capitão havia recebido com uma maior intensidade de chamas e a rapidez que imprimiu ao seu escudo não havia sido suficiente. Ou o escudo não aguentara, já que estava completamente derretido. O berbere arrastava-se pelo chão nos últimos sopros de vida, lutando contra o fado que inegavelmente lhe estava destinado.

Eruntalon deitou lágrimas pelo seu amigo e a sua dor cresceu! Dos grandes companheiros de armas só lhe restava o ausente Mirimon. Num esforço quase sobrenatural, Eruntalon olhou para trás. Lomion estava vivo mas bastante ferido e não o poderia ajudar. Heru estaria no saco que agora estava aberto, mas estaria vivo? Ao fundo, a horda de soldados aproximavam-se perigosamente. E olhando para o céu, viu novamente a besta. A Aranel, de lança estendida, rejubilou com o resultado do ataque e apesar de já não ter essência suficiente para transmitir à montada, sentiu a vitória perto! Ordenou novo ataque. Mestre e Dragão urraram na expectativa de sentirem aquele pequeno ser ferido e indefeso desmembrado pelas garras da besta.

Eruntalon só teve tempo de se levantar e pegar na espada que não voara graças à corda que embora parcialmente ardida, não cedera. No entanto já não pensava, estas acções foram alimentadas apenas pela força do pânico. Ambas as mãos suavam do esforço de ainda pegar na espada. De repente o dragão surgiu com toda a sua envergadura. O medo fez-lhe um nó no estômago, a pele de Eruntalon ficou fria. Pela primeira vez naquele dia, o Ohtar tremeu! O medo do dragão estava a apoderar-se dele. “Foge”, gritava o seu cérebro. “Fica!” ,dizia-lhe o coração. Olhando para o restava do seu amigo, Eruntalon controlou-se. Nunca se batera verdadeiramente de frente com um dragão, ainda por cima apeado, porque eram raros e quem o fazia não vivia para o contar. Mas poucos teriam uma espada élfica. O Ohtar lembrou-se da natureza da essência que a compunha, a mesma que o dragão usava. E pensou que tinha uma chance, rezando para o que havia estudado em criança estivesse certo...


The riders of Rohan -

Saturday, March 21, 2009

Dia Mundial da Poesia

Hoje é o dia mundial para a eliminação da discriminação racial, da floresta, da árvore, do sono e da poesia. Noutros anos referenciei alguns destes tópicos, mas hoje destaco o último. E talvez em breve o faça ainda mais.


Ser Poeta

Ser poeta é fazer de cada despedida uma saudade

É ter nas mãos os sonhos, vivê-los de verdade

Chorar, sorrir, sem medo de viver.

É despir-se perante tantos espelhos

Amar a vida e, de joelhos,

Agradecer a Deus em cada anoitecer.

É cantar e amar cada minuto vivido

É acordar desejos adormecidos

Colher da vida os frutos da paixão.

Ser poeta é amar intensamente

Ter o passado como futuro tão presente

Fazer da vida sempre uma oração.

Eruntalon - X

Eruntalon e os Ohtars desciam a colina. A luz do sol reflectia-se nas armaduras, dando-lhes um contorno reluzente. De espadas estendidas assemelhavam-se a arcanjos voando na defesa do Bem. Cavalgavam em 20 belos mamíferos hipomorfos. O comandante montava o branco e lusitano Lomion. Roccondil o seu magnífico animal Berbere. O resto eram Pasos, Quarters, Galicenos,Hunters e um Shagya. Aqueles corcéis, alinhados em tão grupo heterogénio, representavam os donos, pois tais como eles possuíam diferenças físicas e de personalidade. Mas uma coisa tinham em comum: as crenças que os regiam. Aquele grupo era a personificação de todo o seu povo, panóplia de multiculturalidade que constituía e de tudo o que os unia: a amizade e o amor!

Aproximavam-se agora do sopé da colina, perto do que restava do inferno de chamas e fumo. Os Ohtars cerraram a formação e iniciaram a cavalgada! Mergulharam no mar de labaredas e cinzas, saltando por cima dos da terra que ardia e circundando os eucaliptos que ainda se mantinham em chamas, como tochas gigantes cravadas no vale. Todos estavam feridos e as cinzas e fumo que inalavam secavam-lhes a boca e as restantes vias aéreas, fazendo-os tossir sangue, secreções e ar. Involuntariamente deitaram lágrimas dos olhos. As armaduras recomeçaram a aquecer e re-acordar dores físicas já esquecidas. Mas a cavalo o inferno passava-se rápido.

Os Nainies deixaram de ver o inimigo. Olhavam agora sedentos para o curto descampado que os separava do fumo negro.Esperaram impacientemente por avistarem os primeiros vultos dos homens que iriam pagar caro pela ousadia. Ouviam as últimas ordens do capitão e Úra. Foi-se fazendo silêncio, e o crepitar da madeira foi ganhando protagonismo como o som mais exacerbado daquela extremidade do vale. Então o vento levantou, projectando os longos cabelos pretos da Aranel e dos seus soldados para a frente, apesar da maioria usar elmos. A aragem dirigiu-se em direcção ao eucaliptal, começando a empurrar o fumo preto.

O descampado visível à frente dos Nainies começou a aumentar de tamanho. Ouviu-se então um grito. Primeiro abafado, meio rouco, que foi subindo de intensidade. Posteriormente avistaram um vulto! Inicialmente pequeno, depois maior. Dois, três, quatro...uma linha. Cavaleiros e corcéis emergiram da nuvem negra! Deixavam um rasto de cinza que se havia acumulado e caía agora de elmos, espaldeiras e garupas. Toda a formação gritava com as espadas estendidas, segurando as rédeas com o braço do escudo, o mais fraco ou, na maior parte dos casos, com o em piores condições. Crinas esvoaçavam e a de Lomion brilhava com o sol poente. O som grave da corneta de Roccondil ecoou pelo vale.

Mal os olhos se habituaram à luz, Eruntalon focou o inimigo, situado a poucas dezenas de metros. Em plano de fundo, o dragão rugiu, abrindo a asa esquerda em sinal de desafio. E foi então que Eruntalon deixou de o ouvir. O tempo quase parou, as passadas de Lomion pareceram ficar mais lentas e a distância para o confronto maior. O movimento do quadrúpede dava-lhe agora uma sensação algo relaxante. Deixou de sentir dores e o vento que lhe batia na cara. A espada pareceu-lhe ficar mais pesada...até que deixou de tudo ver !Apenas ouvia os passos da montada ressoarem vagamente na cabeça. Na sua mente desfilavam agora imagens em “flashes”: os seus amigos; a família; a amada; acontecimentos de vida marcantes... treinos com o pai, conversas com a mãe, a primeira cavalgada, um jantar de família, a sua casa, a morte dos avós, o primeiro beijo, a primeira vez que pegou na espada, o seu juramento do código , cerimónia em que foi ordenado Ohtar... o ataque de Nainies à aldeia, os cadáveres dos vizinhos, a sua demanda, momentos de inúmeras lutas travadas nos últimos anos, Mirimon, Roccondil, Ondo, a dor , o sofrimento...a Aranel. Mal essa imagem ecoou na sua mente, algo explodiu dentro do cavaleiro. As supras-renais reclamaram a sua existência projectando para a circulação sistémica quantidades incríveis de adrenalina. O coração acelerou e os músculos contraíram-se!

Instantaneamente como se havia formado ,desfez-se o torpor! Eruntalon voltou a sentir o vento e os sons de outrora. Heru ladrou de dentro do seu saco, como que sentindo a iminência do embate. Eruntalon focou o inimigo a 40 metros e os seus olhos crispados de fúria foram recebidos com uma salva de flechas. Reflexivamente ergueu o escudo mesmo a tempo de se proteger de várias flechas. Três homens caíram. O comandante fitou-os e o seu olhar cruzou-se com o de Roccondil. Pela última vez o grito fez-se ouvir: “Atar alcar”!

O fim do grito foi abafado pelo choque do metal. Nainies foram projectados e espezinhados perante a fúria hipomórfica! Eruntalon e o capitão distribuíam golpes baixos, decepando e desmembrando opositores e bloqueando ataques. Companheiros e montadas caíram. Pela 1ª linha passou metade da força original. Não dando qualquer segundo para sentimentalismos, abateram-se sobre a 2ª linha. Eruntalon desviou-se de dois opositores que tentaram empalar Lomion. Obrigado a desviar-se para a direita, foi rapidamente cercado. À sua frente o companheiro mais novo do grupo era engolido pelo ataque de 4 Nainies. Outro matava opositores no seu cavalo, antes de ser puxado pelas costas por inúmeros braços para o mesmo fim.

Eruntalon gritou de raiva enquanto brandia a espada de modo harmonioso, espalhando um perfume de mortandade à sua volta. Por duas vezes foi cercado pelo inimigo, das duas os matou. Contudo não conseguiu evitar um corte na perna que o ia fazendo cair. Agastado pela dor, deveu a vida a Lomion que com o seu sentido de sobrevivência conseguiu escapulir-se, fintando os adversários enquanto recebia espadadas nas suas protecções e originaram alguns ferimentos ligeiros nas zonas vulneráveis. No meio da confusão, Lomion juntou-se Roccondil que tinha um punhal espetado na coxa e uma seta na omoplata esquerda, quase não conseguindo movimentar o pesado escudo.

O comandante a muito custo ia sustendo o ímpeto dos Nainies que se começavam a aglomerar-se naquele local: toda a 2ª linha estava a convergir para eles, os sobreviventes! Apenas um terceiro ainda se batia a uns metros deles. E foi naquele segundo que olhou em redor que se apercebeu da mulher de cabelos ruivos que o mirava.

Úra pegou na sua besta e colocou-lhe uma flecha, cuja ponta foi ornamentada com essência para a tornar letal ao simples contacto com um corpo. As vantagens de ter a Aranel como Mestre é que sempre ia aprendendo umas artes mágicas. Focando o horizonte, sorriu sarcasticamente. No confusão que tinha à sua frente, Eruntalon destacava-se facilmente no alto da sua montada. Seria o alvo mais fácil da sua carreira! Apontou ao peito do guerreiro e disparou…


Friday, March 20, 2009

Eruntalon - IX

E foi assim que tudo aconteceu, tendo o sol de uma fria tarde de Primavera como cenário de fundo. No alto da última colina do vale surgiram 20 nobres cavaleiros em linha sob um estandarte vermelho. A maior parte estava ferida, mas olharam para o inimigo e…sorriram.

Eruntalon puxou as rédeas e passou lentamente com Lomion por cada um dos seus companheiros, dando um fraterno cumprimento conforme a sua condição física e a do destinatário permitia. Em seguida, dirigiu palavras a cada um em particular. O último foi quem se encontraria a seu lado: Roccondil. Após um longo abraço, o amigo retirou uma arma do alforge da sua montada e deu-lhe o que se assemelhava a um punhal comprido.

- É uma Drachenzahn*. Foi-me oferecida por Mirimon antes de nos separarmos, três meses depois de termos combatido aquela outra Aranel. Lembras-te?

- Lembro-me…e jurei que numa futura situação semelhante...eu ganharia! Hoje espero que seja esse dia.

Rocondil quis rir-se, pensando que só haveria mais aquele dia e não seria nesse certamente. Mas nada lhe saiu, as dores eram tão fortes que não conseguia contrair muito o diafragma.

- Essa arma foi forjada pelo avô de Mirimon na nossa terra Natal. Ele pediu-me que olhasse por ti quando se separou de nós para ir ter com os seus Othars. Se não fosse o Fado de hoje tenho a certeza que o iríamos rever brevemente. De qualquer maneira, é das poucas coisas que ainda poderei fazer por ti no que resta deste belo dia. Aceita isto do fundo do coração.

Eruntalon pegou na arma e tirou-a da sua bainha de couro. Tinha um cabo de ferro envolvido em pele de búfalo. No topo do punho, uma pequena peça metálica formava um arco convexo, constituindo a base da lâmina. Esta teria cerca de 20 cm, ornamentada com uma bela saliência côncava de ambos os lados da lâmina no seu primeiro terço.

Embainhando-a, colocou-a por baixo das peças metálicas que protegiam a sua perna direita. Embora conseguisse movimentar-se sem problemas, tinha noção que se caísse com violência sobre aquele lado, além de magoar o membro inferior, corria o risco da comprida faca romper a bainha e espetar-se na sua perna. Mas era uma preciosidade de Mirimon e naquela hora negra, o mais próximo que poderia estar do seu amigo ausente.

Por fim, em esforço, o comandante dirigiu-se a todos, com mais pausas do que o habitual devido às dores:

- Meus caros… foi uma honra lutar e servir-vos! Hoje honramos os nossos ideais… mas acima de tudo lutamos por todos aqueles que amamos. Temos visto que o nosso mundo cada vez mais está ameaçado por aqueles que perderam a fé e a esperança na amizade e no amor. E poderá haver um dia em que esse movimento impere, e todos percam a memória do que é essa magia. Mas esse dia…não será hoje! Hoje tememos! Hoje sofremos! Hoje vimos a morte! Hoje chorámos! Mas o mais importante…hoje lutámos! Contribuímos para um futuro melhor, como nestes últimos anos que me acompanharam. Hoje caros irmãos…fomos gloriosos, enormes! Demonstrámos que pequenos gestos vindos das profundezas da nossa alma e coração, conseguem atingir todos os que nos rodeiam, e até derrotar os piores dos inimigos. E hoje, agora, vamos mostrar-lhes a derradeira e última força do que defendemos!! Porque somos Othars! Porque aquilo em que acreditamos dá sentido à vida, mas também à morte. Porque “poupar o coração”

- “...é coroar-se a morte de alegria” – retorquíram todos, interrompendo-o.

Eruntalon sorriu novamente.

- Irmãos, a uma morte gloriosa! Uma última cavalgada sob o sol poente é o que partilharei com vocês…com um grande sorriso! À nossa e em honra dos nossos companheiros!! Atar alcar!!”

E desembainhou a espada élfica, que resplandeceu sob o sol.

Atar alcar!!” gritaram todos, desembainhando as armas!

Roccondil pegou na sua corneta e fê-la soar pelo vale e cordilheira adentro, fazendo o metal vibrar e cerrando a convicção dos cavaleiros!

Com um grito de guerra, o pequeno grupo avançou a trote. O inimigo não estava longe, situando-se a pouca distância do outrora eucaliptal. Parou assustado ao ver determinada ousadia. O que havia acontecido aos seus camaradas? Viram a fúria e o estado da besta e da Mestre, mas no fundo do egoísmo e descrença por qualquer valor bom que caracterizava aqueles seres, nunca esperariam ver surgir o inimigo ao longe. A surpresa e o respeito que lhe ganharam naquele momento foi certamente um fenómeno que não se havia registado em centenas de anos anteriores, tal o ódio entre aquelas raças.

Este abalo que sentiram foi interrompido pela voz da Aranel. Não haveria necessidade de lutarem no meio do inferno de chamas que tinham à sua frente. Esperariam calmamente para os esmagarem! A feiticeira fechou os olhos e canalizou a sua essência dos seus sentidos para a sua mente. Uma das suas capacidades era conseguir visualizar os fluxos de energia, os seus sentidos e a intensidade que tinham em cada organismo vivo do reino animal. Era uma capacidade útil para diagnóstico com fim estratégico-militar já que permitia-lhe ver o potencial energético do seu oponente – que geralmente reflectia a força física de que dispunha naquele momento – assim como lesões internas e externas, uma vez que estas últimas modificam a normal natureza dos fluxos. Contudo, o alcance de tal capacidade é curto, pelo que a Aranel apenas olhou para a sua montada. Através dos seus olhos mágicos, transmitiu uma clara imagem à sua mente. A aura de essência do dragão encontrava-se fragilizada pela viagem, o esforço físico e o fogo que emanara. A aura era mais forte no coração, órgão onde acumula a essência. Sentiu o enorme ódio que daí adivinha também. Aqueles dragões podem estabelecer laços com uma Mestre, mas serão sempre maléficos e selvagens...um monstro!

A guerreira continuou a analisar os fluxos que na sua mente ganhavam uma cor azul fluorescente. Verificou que o animal nos próximos tempos só poderia efectuar ataques puramente físicos. Pelo menos de forma autónoma. A Mestre, como já fizera antes, poderia fornecer-lhe essência para formulação do fogo, mas também lhe restava pouca. Contudo, a besta estava ferida na asa direita. A Aranel via claramente os fluxos de energia alterados que daí advinham. O dragão para voar correctamente teria de canalizar essência do seu coração para o local. Nunca tinha visto o seu animal assim. Ela própria havia sido humilhada e corrido perigo de vida. A feiticeira sabia que não tinha muita essência restante, mas após a avaliar achou que era o suficiente para formular mais uma bola de fogo pela montada. E pouco mais… mas não interessava muito, o fim estaria próximo e antes que o sol caísse, ela própria iria esmagar o ousado comandante inimigo!

Ordenou então aos Nainies que formassem duas linhas de 50 homens, de modo a potenciar uma defesa mais sólida contra os cavaleiros. Apesar de estar em campo aberto, não se importou com o perigo de os seus homens serem ladeados. Lá no fundo sabia que iam atacar de frente...eram Ohtars! Com um riso lúgubre, puxou as rédeas e recuou cem metros dos seus soldados. Quem os passasse iria receber o golpe final naquele campo aberto. A movimentação que fez e o vento que provocou levou à intensificação da dor proveniente da lesão que tinha na cara. Não se importou. Comparada à que iria infligir ao adversário, era insignificante! E perante a iminente ofensiva, o dragão rugiu...de raiva!

*Drachenzahn:"Dente de dragão" (arma da Idade Média)




"The Prisioner Wishes to Say a Word" - The London Symphony Orchestra

Thursday, March 19, 2009

Dia especial!

E hoje é dia do Pai e de São José!




Eruntalon - VIII

Eruntalon conseguiu recuperar e só a muito custo se conseguiu por de pé. Tinha o braço esquerdo deslocado e o escudo era pesado. As dores eram insuportáveis. Pela primeira vez caiu de joelhos, cedendo ao cansaço, apoiando-se no braço direito. Foi alcançado e auxiliado a levantar-se por Roccondil. Este encontrava-se agora com o membro superior ferido completamente inutilizado, um forte hematoma na face e um golpe fundo na perna direita, onde efectuara um torniquete e de momento mancava.

Trocaram palavras de frustração perante a tentativa frustrada de ferir a Aranel. Olharam em redor, o inimigo havia sido aniquilado. Mas faltava o último grupo, mais cem. E um dragão e respectiva mestre!

“ Nunca pensei que fôssemos tão longe caro Eruntalon”- disse Roccondil.

O visado respondeu, cuspindo sangue: “Parece que agora és tu o pessimista! Restamos vinte...mas demos-lhes uma lição!”.

- “Ah! Sabes sempre como me motivar, tenho que aproveitar para rir enquanto as dores o permitem. Assim como o tempo... os últimos Nainies não demorarão a alcançar-nos!

- “São 100 e somos 20.... eu sei que o Mirimon e o Ondo fariam, sei o que quero fazer, mas depende de vocês e da saída do vale ali ao fundo...”

“ Não venhas com sentimentalismos” referiu Roccondil. "Sabes porque todos nós lutamos e o que fazemos pelos ideais e pessoas que amamos”.

Com um brilho nos olhos Eruntalon virou-se para os restante grupo e gritou :“Atar alcar??

Atar alcar!” ouviu de volta.

Com um sorriso na cara, o comandante bradou: “ 5 minutos então!”.

Nem haveria tempo de enterrar os amigos. Aquele seria o curto espaço de tempo que restava a cada um daqueles vinte bravos guerreiros para ganharem forças ou simplesmente recordarem tudo aquilo que valorizavam na vida, antes de enfrentarem o seu Fado. O capitão sentou-se no chão, perto de Eruntalon. Fechou os olhos, parecendo começar a orar. Outros começaram a lavar as feridas ou a beber água. Dois enterravam os seus objectos mais pessoais para evitarem serem conspurcados pelos vis Nanies.

O comandante começou por assobiar. Repetiu a a acção. Por detrás de carcaças de cavalos e cadáveres de amigos e inimigos surgiu Heru. Já começava a temer o pior, pois havia-lhe perdido o rasto no meio do fumo. Como sempre, o canídeo foi efusivo no reencontro com o dono.

“O pequeno salvou-me a vida duas vezes” – ouviu Roccondil exclamar. “Na primeira mordeu a criatura que me ia empalar pelas costas; da segunda importunou o arqueiro que me tinha escolhido como alvo! Vou ter saudades da alegria dele”.

“Eu também caro amigo...gostava que não viesses comigo mas não tenho escolha não é? És teimoso...” referiu Eruntalon.

Heru pareceu entender conforme ladrou e abanou a cauda.

O minuto seguinte foi dedicado pelo comandante a agradecer a Lomion. Já sabia que por mais que o enxotasse, o nobre cavalo iria atrás dele. Eram espertos e tinham igualmente percepção do que se passava. O Ohtar retirou do dorso do animal um cantil e bebeu água. Devido às lesões na boca, parecia estar a engolir apenas sangue, mas pelo menos era algo fresco. Saciado e com custo elevou o cantil e despejou grande parte do que restava pela cara e para dentro da armadura, nas zonas onde se havia queimado com mais intensidade. A barba molhada costumava fazer-lhe cócegas, mas só sentia dores. O resto do conteúdo do recipiente deitou no interior do seu elmo para Heru beber.

Por fim Eruntalon sentou-se com grande esforço. Por um orifício que tinha na cintura colocou a mão dentro da armadura e apalpou um dos seus bolsos. Retirou uma pequena bolsa de couro e abriu-a. Lá dentro estavam várias folhas manuscritas, o resto de uma rosa e um pequeno utensílio de escrita. O Othar retirou este último e releu pela última vez o que estava nas folhas: um poema que culminava com o retrato de alguém que lhe era muito querido. De seguida olhou para o céu…

Devido ao vento que se começou a sentir mas principalmente às incursões da Aranel, o fumo havia-se dissipado em muitos locais da extremidade do vale e as próprias nuvens cinzentas tiveram abertas, por onde agora passavam raios de sol. Aquele sopé da colina foi então banhado por este astro, aquecendo os cavaleiros e dando-lhe uma pequena sensação de alívio após horas e horas de intensos combates à chuva. Eruntalon mirou o sol e o céu azul. Lá ao fundo nos picos da montanha ainda cerrados de neve, descortinou águias que voavam. Um quadro banal mas que para aquele homem foi visto como das coisas mais bonitas que já tinha presenciado.

As dores intensas remeteram-no forçadamente para a dura realidade e o comandante oscilou. A visão desfocou-se momentaneamente. Estaria a chegar ao limite da sua resistência. Mas tudo o que recordou naquele momento aqueceu-lhe novamente o corpo e lembrando-se de quem amava acrescentou mais dois versos…os últimos:

“Para o meu dia-a-dia

Na solidão...é me uma alegria!”

De seguida, e vendo os seus companheiros a montar, deu-se conta que não poderia demorar, pelo que guardou novamente tudo na sua bolsa de couro, que remeteu ao local de origem. Ordenou a Heru que saltasse para um saco de couro grande que iria levar no dorso de Lomion, de modo a puderem ter uma última incursão gloriosa. E enquanto se dirigia com os seus irmãos de armas para cima do morro, retirou uma corda do alforge do seu cavalo. Era fina mas resistente. Cortou então uma porção que não teria mais do que 30 cm e posteriormente fez dois laços em cada extremidade. Por fim guardou o material, ciente de que ainda poderia ser útil. E Olhou uma última vez para trás, onde jaziam os seus guerreiros. Respirou fundo… à sua frente o topo do cabeço estava próximo!





What Wonderful World - Louis Armstrong

I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself what a wonderful world.

I see skies of blue and clouds of white
The bright blessed day, the dark sacred night
And I think to myself what a wonderful world.

The colors of the rainbow so pretty in the sky
Are also on the faces of people going by
I see friends shaking hands saying how do you do
They're really saying I love you.

I hear babies crying, I watch them grow
They'll learn much more than I'll never know
And I think to myself what a wonderful world
Yes I think to myself what a wonderful world.