União Zoófila e Associação Zoófila Portuguesa


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Ser Enfermeiro...

Friday, March 20, 2009

Eruntalon - IX

E foi assim que tudo aconteceu, tendo o sol de uma fria tarde de Primavera como cenário de fundo. No alto da última colina do vale surgiram 20 nobres cavaleiros em linha sob um estandarte vermelho. A maior parte estava ferida, mas olharam para o inimigo e…sorriram.

Eruntalon puxou as rédeas e passou lentamente com Lomion por cada um dos seus companheiros, dando um fraterno cumprimento conforme a sua condição física e a do destinatário permitia. Em seguida, dirigiu palavras a cada um em particular. O último foi quem se encontraria a seu lado: Roccondil. Após um longo abraço, o amigo retirou uma arma do alforge da sua montada e deu-lhe o que se assemelhava a um punhal comprido.

- É uma Drachenzahn*. Foi-me oferecida por Mirimon antes de nos separarmos, três meses depois de termos combatido aquela outra Aranel. Lembras-te?

- Lembro-me…e jurei que numa futura situação semelhante...eu ganharia! Hoje espero que seja esse dia.

Rocondil quis rir-se, pensando que só haveria mais aquele dia e não seria nesse certamente. Mas nada lhe saiu, as dores eram tão fortes que não conseguia contrair muito o diafragma.

- Essa arma foi forjada pelo avô de Mirimon na nossa terra Natal. Ele pediu-me que olhasse por ti quando se separou de nós para ir ter com os seus Othars. Se não fosse o Fado de hoje tenho a certeza que o iríamos rever brevemente. De qualquer maneira, é das poucas coisas que ainda poderei fazer por ti no que resta deste belo dia. Aceita isto do fundo do coração.

Eruntalon pegou na arma e tirou-a da sua bainha de couro. Tinha um cabo de ferro envolvido em pele de búfalo. No topo do punho, uma pequena peça metálica formava um arco convexo, constituindo a base da lâmina. Esta teria cerca de 20 cm, ornamentada com uma bela saliência côncava de ambos os lados da lâmina no seu primeiro terço.

Embainhando-a, colocou-a por baixo das peças metálicas que protegiam a sua perna direita. Embora conseguisse movimentar-se sem problemas, tinha noção que se caísse com violência sobre aquele lado, além de magoar o membro inferior, corria o risco da comprida faca romper a bainha e espetar-se na sua perna. Mas era uma preciosidade de Mirimon e naquela hora negra, o mais próximo que poderia estar do seu amigo ausente.

Por fim, em esforço, o comandante dirigiu-se a todos, com mais pausas do que o habitual devido às dores:

- Meus caros… foi uma honra lutar e servir-vos! Hoje honramos os nossos ideais… mas acima de tudo lutamos por todos aqueles que amamos. Temos visto que o nosso mundo cada vez mais está ameaçado por aqueles que perderam a fé e a esperança na amizade e no amor. E poderá haver um dia em que esse movimento impere, e todos percam a memória do que é essa magia. Mas esse dia…não será hoje! Hoje tememos! Hoje sofremos! Hoje vimos a morte! Hoje chorámos! Mas o mais importante…hoje lutámos! Contribuímos para um futuro melhor, como nestes últimos anos que me acompanharam. Hoje caros irmãos…fomos gloriosos, enormes! Demonstrámos que pequenos gestos vindos das profundezas da nossa alma e coração, conseguem atingir todos os que nos rodeiam, e até derrotar os piores dos inimigos. E hoje, agora, vamos mostrar-lhes a derradeira e última força do que defendemos!! Porque somos Othars! Porque aquilo em que acreditamos dá sentido à vida, mas também à morte. Porque “poupar o coração”

- “...é coroar-se a morte de alegria” – retorquíram todos, interrompendo-o.

Eruntalon sorriu novamente.

- Irmãos, a uma morte gloriosa! Uma última cavalgada sob o sol poente é o que partilharei com vocês…com um grande sorriso! À nossa e em honra dos nossos companheiros!! Atar alcar!!”

E desembainhou a espada élfica, que resplandeceu sob o sol.

Atar alcar!!” gritaram todos, desembainhando as armas!

Roccondil pegou na sua corneta e fê-la soar pelo vale e cordilheira adentro, fazendo o metal vibrar e cerrando a convicção dos cavaleiros!

Com um grito de guerra, o pequeno grupo avançou a trote. O inimigo não estava longe, situando-se a pouca distância do outrora eucaliptal. Parou assustado ao ver determinada ousadia. O que havia acontecido aos seus camaradas? Viram a fúria e o estado da besta e da Mestre, mas no fundo do egoísmo e descrença por qualquer valor bom que caracterizava aqueles seres, nunca esperariam ver surgir o inimigo ao longe. A surpresa e o respeito que lhe ganharam naquele momento foi certamente um fenómeno que não se havia registado em centenas de anos anteriores, tal o ódio entre aquelas raças.

Este abalo que sentiram foi interrompido pela voz da Aranel. Não haveria necessidade de lutarem no meio do inferno de chamas que tinham à sua frente. Esperariam calmamente para os esmagarem! A feiticeira fechou os olhos e canalizou a sua essência dos seus sentidos para a sua mente. Uma das suas capacidades era conseguir visualizar os fluxos de energia, os seus sentidos e a intensidade que tinham em cada organismo vivo do reino animal. Era uma capacidade útil para diagnóstico com fim estratégico-militar já que permitia-lhe ver o potencial energético do seu oponente – que geralmente reflectia a força física de que dispunha naquele momento – assim como lesões internas e externas, uma vez que estas últimas modificam a normal natureza dos fluxos. Contudo, o alcance de tal capacidade é curto, pelo que a Aranel apenas olhou para a sua montada. Através dos seus olhos mágicos, transmitiu uma clara imagem à sua mente. A aura de essência do dragão encontrava-se fragilizada pela viagem, o esforço físico e o fogo que emanara. A aura era mais forte no coração, órgão onde acumula a essência. Sentiu o enorme ódio que daí adivinha também. Aqueles dragões podem estabelecer laços com uma Mestre, mas serão sempre maléficos e selvagens...um monstro!

A guerreira continuou a analisar os fluxos que na sua mente ganhavam uma cor azul fluorescente. Verificou que o animal nos próximos tempos só poderia efectuar ataques puramente físicos. Pelo menos de forma autónoma. A Mestre, como já fizera antes, poderia fornecer-lhe essência para formulação do fogo, mas também lhe restava pouca. Contudo, a besta estava ferida na asa direita. A Aranel via claramente os fluxos de energia alterados que daí advinham. O dragão para voar correctamente teria de canalizar essência do seu coração para o local. Nunca tinha visto o seu animal assim. Ela própria havia sido humilhada e corrido perigo de vida. A feiticeira sabia que não tinha muita essência restante, mas após a avaliar achou que era o suficiente para formular mais uma bola de fogo pela montada. E pouco mais… mas não interessava muito, o fim estaria próximo e antes que o sol caísse, ela própria iria esmagar o ousado comandante inimigo!

Ordenou então aos Nainies que formassem duas linhas de 50 homens, de modo a potenciar uma defesa mais sólida contra os cavaleiros. Apesar de estar em campo aberto, não se importou com o perigo de os seus homens serem ladeados. Lá no fundo sabia que iam atacar de frente...eram Ohtars! Com um riso lúgubre, puxou as rédeas e recuou cem metros dos seus soldados. Quem os passasse iria receber o golpe final naquele campo aberto. A movimentação que fez e o vento que provocou levou à intensificação da dor proveniente da lesão que tinha na cara. Não se importou. Comparada à que iria infligir ao adversário, era insignificante! E perante a iminente ofensiva, o dragão rugiu...de raiva!

*Drachenzahn:"Dente de dragão" (arma da Idade Média)




"The Prisioner Wishes to Say a Word" - The London Symphony Orchestra

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