“Perfeito!”, pensou o guerreiro. Esticando o braço, Roccondil automaticamente levantou a sua corneta e fê-la soar! Os guerreiros começaram então a correr, mas não para o inimigo! Corriam para a saída do vale situada o outro lado da colina.
Os Nainies lançaram-se no seu encalço, mergulhando no meio do fumo do eucaliptal e perseguindo-os cabeço acima. Todos, incluindo a Aranel, viam uma retirada. Satisfeita e decidida a dar um pouco de descanso à sua montada, pousou longe da contenda, atrás das reservas de infantaria rejubilantes e de Úra. Ajustaria contas com a sua subalterna mais tarde. Agora só queria relaxar! E foi talvez quando efectivamente o fez que notou...uma sensação estranha. O dragão pareceu também o sentir, já que adoptou outra postura. Sentiram a presença de essência para lá do fumo negro, exactamente no campo de batalha! Essência... encerrada numa espada!
Uma sucessão de pensamentos desenrolaram-se então na mente da Aranel: a essência, a coragem dos guerreiros, a sua experiência e sacrifício... o estandarte vermelho,...eram Othars! De repente tudo se tornou claro! A debandada era...um engodo! Pela primeira vez desde há muitas estações, a cara da feiticeira moldou-se de medo ao recordar-se que todos os Othars são cavaleiros e que ainda não havia visto nenhum cavalo deles! Instantaneamente ergueu-se novamente nos céus, ordenando às reservas perplexas que avançassem para a contenda. Só agora havia percebido o seu erro básico: toldada pela fúria de vingança e pela subestimação do adversário, não havia sobrevoado a única parte do vale que não podia ver directamente: a vertente oposta da última colina, onde sabia que os seus Nainies iriam ser chacinados!
Eruntalon e a sua companhia haviam descido a o topo da colina oculta com muita dificuldade, passando pelo crescente fumo dos eucaliptos que se espalhavam pelo céu e terra. Alcançados os seus cavalos, haviam-se colocado em formação prontos a emboscarem a centena de soldados que gritando não demorariam a aparecer. Foi com enorme prazer e alívio que voltou a montar o seu cavalo Lusitano Lomion e a rever o seu nobre amigo de quatro patas Heru Belethil, fraternalmente e habitualmente apelidado de Heru. O canídeo, que tinha recebido a ordem de ali ficar deitado, irrompeu numa demonstração de alegria chegando a tentar lamber as feridas do dono. Após retribuir o afecto, com umas palmadas e festas, Eruntalon assobiou. Heru conhecia os vários assobios do dono e aquele significava preparação para a guerra, local onde tantas vezes estava presente!
De repente começaram a surgir vultos por entre a fumarada que se avistava no sopé da colina. Os Ohtars não perderam tempo, começando a circundar o inimigo. Este, saindo meio cego da colina devido ao fumo, mas com a excitação e velocidade próprias de uma caçada a homens, saiu disparados sem parar e só tarde de mais se apercebeu do esquema.
O comandante e os companheiros conseguiram cercá-los quase por completo. Estavam divididos em dois grupos: o principal, munido de apenas armas brancas; e um secundário, que possuía também bestas e usava da distância e velocidade dos cavalos, assim como das setas para infligir perdas ao opositor.
Iniciou-se o combate com grande estrépito. Nainies sucumbiam perante a salva de setas inicial, que em breve não se iriam repetir já que o fumo alastrava por entre a contenda. Seguiu-se o contacto físico! Eruntalon ficou admirado com a rapidez de reorganização do inimigo, o que lhes permitiu sofrer menos baixas do que os Ohtars esperavam.
“Parece que estão melhor preparados que a cavalaria”, pensou.
O cavaleiro distribuía golpes e contragolpes, enquanto circundava grupos de adversários. Mesmo nestas condições, não esperava que os Nainies aguentassem muito tempo. Contudo, a batalha era feroz e por várias vezes foi seriamente ameaçado de vida: uma espadada na protecção da canela direita, uma seta embatida no elmo e várias tentativas de mutilarem Lomion com ataques rasteiros. Após abater quatro adversários e ter atropelado um quinto com o seu corcel, virou-se para ir auxiliar companheiros que lutavam contra inimigos montados em cavalos de falecidos Ohtars. E foi nesse momento que a Aranel chegou!
A bela guerreira havia percebido toda a estratégia enquanto se aproximava do extremo violento do vale. Sentia vergonha pelo modo como se havia deixado levar e constituído peça importante para tal situação. Tinha mordido o isco e lançado o seu exército para um inferno que ela própria criara. O fogo e consequente fumo que havia provocado na colina facilitou a emboscada das suas tropas e pior, impossibilitava-a de observar o que se passava e de intervir: o fumo neste momento tinha coberto toda a área daquela extremidade do vale, especialmente a altitudes mais altas enquanto subia lentamente pelas paredes rochosas com centenas de metros. O afunilamento do vale permitiu assim que a ratoeira fosse perfeita e constituísse protecção contra os ataques aéreos da besta.
A Aranel viu a distância a que a última linha de infantaria e Úra ainda se encontravam, pelo que, vergada pela fúria, apostou tudo num ataque às cegas. Acumulando quase toda a essência de que ainda dispunha nos órgãos sensitivos seus e da montada, com vista a não se despenharem contra o chão ou uma parede rochosa, mergulharam por entre o fumo preto. De repente avistaram o solo! E os cadáveres! Poucos Nainies restavam mas os Ohtars não seriam também muitos. Avistou um grupo destes e mergulhou. Apanhados de surpresa por entre o fumo, cavalos e cavaleiros foram despedaçados pelas garras da besta ou projectados pelo ar.
Eruntalon havia parado ao notar que a sua espada tinha começado a brilhar mais.Provavelmente foi o que o salvou, já que o grupo de cavaleiros Ohtars e Nainies montados a que se dirigia foram trucidados num ápice e sem qualquer aviso pela investida da Aranel. Sem perder tempo, chamou por Rocondil, que supostamente ainda estaria a comandar o grupo secundário. Após alguma confusão encontrou-o e fez sinal para o dragão, que fazia entretanto umas incursões superiores de modo a levantar o fumo que se fazia sentir. Verificando que o que restava do grupo de Roccondil se havia juntado, bradou aos céus um grito de fúria!
A feiticeira ouviu vagamente o seu nome ser pronunciado. Uma, duas vezes. Procurando, descortinou Eruntalon entre nuvens de fumo! O brilho da sua espada era bastante visível. O cavaleiro encontrava-se com uma bela armadura élfica, sujo de terra e sangue, apesar da chuva que se fazia sentir e que entretanto cessara. Tinha cabelos castanhos finos, barba rala e uma postura de desafio! Sim, não havia dúvida! Aquele era o comandante que tanta vergonha e derrota lhe havia infligido! O ódio elevou-se à fúria que já sentia, e ordenou ao dragão nova incursão, determinada a fazer do Homem um exemplo!
O comandante viu a besta guinar na sua direcção, desfumando a atmosfera em redor. A cada segundo decorrido, o que era um ponto negro tornava cada vez mais dimensões monstruosas. Assim, aos poucos foi focando melhor o dragão. Possuía um ventre ligeiramente amarelado, protegido por uma armadura de couro, a qual provavelmente seria leve e elástica para se adaptar ao animal em causa. Os olhos eram vermelhos, e na escuridão do fumo ficavam de um encarnado mais vivo. As garras e presas eram , no mínimo, medonhas! Perante tal quadro Eruntalon sentiu ver a morte de frente e todas as suas dores desapareceram. Mas de repente lembrou-se de Ondo, de Mirimon, da sua amada e de todos os seus ideais. .. e quando começou a sentir a deslocação de vento provocado pelo dragão, gritou!
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The Last Samurai -
Os Nainies lançaram-se no seu encalço, mergulhando no meio do fumo do eucaliptal e perseguindo-os cabeço acima. Todos, incluindo a Aranel, viam uma retirada. Satisfeita e decidida a dar um pouco de descanso à sua montada, pousou longe da contenda, atrás das reservas de infantaria rejubilantes e de Úra. Ajustaria contas com a sua subalterna mais tarde. Agora só queria relaxar! E foi talvez quando efectivamente o fez que notou...uma sensação estranha. O dragão pareceu também o sentir, já que adoptou outra postura. Sentiram a presença de essência para lá do fumo negro, exactamente no campo de batalha! Essência... encerrada numa espada!
Uma sucessão de pensamentos desenrolaram-se então na mente da Aranel: a essência, a coragem dos guerreiros, a sua experiência e sacrifício... o estandarte vermelho,...eram Othars! De repente tudo se tornou claro! A debandada era...um engodo! Pela primeira vez desde há muitas estações, a cara da feiticeira moldou-se de medo ao recordar-se que todos os Othars são cavaleiros e que ainda não havia visto nenhum cavalo deles! Instantaneamente ergueu-se novamente nos céus, ordenando às reservas perplexas que avançassem para a contenda. Só agora havia percebido o seu erro básico: toldada pela fúria de vingança e pela subestimação do adversário, não havia sobrevoado a única parte do vale que não podia ver directamente: a vertente oposta da última colina, onde sabia que os seus Nainies iriam ser chacinados!
Eruntalon e a sua companhia haviam descido a o topo da colina oculta com muita dificuldade, passando pelo crescente fumo dos eucaliptos que se espalhavam pelo céu e terra. Alcançados os seus cavalos, haviam-se colocado em formação prontos a emboscarem a centena de soldados que gritando não demorariam a aparecer. Foi com enorme prazer e alívio que voltou a montar o seu cavalo Lusitano Lomion e a rever o seu nobre amigo de quatro patas Heru Belethil, fraternalmente e habitualmente apelidado de Heru. O canídeo, que tinha recebido a ordem de ali ficar deitado, irrompeu numa demonstração de alegria chegando a tentar lamber as feridas do dono. Após retribuir o afecto, com umas palmadas e festas, Eruntalon assobiou. Heru conhecia os vários assobios do dono e aquele significava preparação para a guerra, local onde tantas vezes estava presente!
De repente começaram a surgir vultos por entre a fumarada que se avistava no sopé da colina. Os Ohtars não perderam tempo, começando a circundar o inimigo. Este, saindo meio cego da colina devido ao fumo, mas com a excitação e velocidade próprias de uma caçada a homens, saiu disparados sem parar e só tarde de mais se apercebeu do esquema.
O comandante e os companheiros conseguiram cercá-los quase por completo. Estavam divididos em dois grupos: o principal, munido de apenas armas brancas; e um secundário, que possuía também bestas e usava da distância e velocidade dos cavalos, assim como das setas para infligir perdas ao opositor.
Iniciou-se o combate com grande estrépito. Nainies sucumbiam perante a salva de setas inicial, que em breve não se iriam repetir já que o fumo alastrava por entre a contenda. Seguiu-se o contacto físico! Eruntalon ficou admirado com a rapidez de reorganização do inimigo, o que lhes permitiu sofrer menos baixas do que os Ohtars esperavam.
“Parece que estão melhor preparados que a cavalaria”, pensou.
O cavaleiro distribuía golpes e contragolpes, enquanto circundava grupos de adversários. Mesmo nestas condições, não esperava que os Nainies aguentassem muito tempo. Contudo, a batalha era feroz e por várias vezes foi seriamente ameaçado de vida: uma espadada na protecção da canela direita, uma seta embatida no elmo e várias tentativas de mutilarem Lomion com ataques rasteiros. Após abater quatro adversários e ter atropelado um quinto com o seu corcel, virou-se para ir auxiliar companheiros que lutavam contra inimigos montados em cavalos de falecidos Ohtars. E foi nesse momento que a Aranel chegou!
A bela guerreira havia percebido toda a estratégia enquanto se aproximava do extremo violento do vale. Sentia vergonha pelo modo como se havia deixado levar e constituído peça importante para tal situação. Tinha mordido o isco e lançado o seu exército para um inferno que ela própria criara. O fogo e consequente fumo que havia provocado na colina facilitou a emboscada das suas tropas e pior, impossibilitava-a de observar o que se passava e de intervir: o fumo neste momento tinha coberto toda a área daquela extremidade do vale, especialmente a altitudes mais altas enquanto subia lentamente pelas paredes rochosas com centenas de metros. O afunilamento do vale permitiu assim que a ratoeira fosse perfeita e constituísse protecção contra os ataques aéreos da besta.
A Aranel viu a distância a que a última linha de infantaria e Úra ainda se encontravam, pelo que, vergada pela fúria, apostou tudo num ataque às cegas. Acumulando quase toda a essência de que ainda dispunha nos órgãos sensitivos seus e da montada, com vista a não se despenharem contra o chão ou uma parede rochosa, mergulharam por entre o fumo preto. De repente avistaram o solo! E os cadáveres! Poucos Nainies restavam mas os Ohtars não seriam também muitos. Avistou um grupo destes e mergulhou. Apanhados de surpresa por entre o fumo, cavalos e cavaleiros foram despedaçados pelas garras da besta ou projectados pelo ar.
Eruntalon havia parado ao notar que a sua espada tinha começado a brilhar mais.Provavelmente foi o que o salvou, já que o grupo de cavaleiros Ohtars e Nainies montados a que se dirigia foram trucidados num ápice e sem qualquer aviso pela investida da Aranel. Sem perder tempo, chamou por Rocondil, que supostamente ainda estaria a comandar o grupo secundário. Após alguma confusão encontrou-o e fez sinal para o dragão, que fazia entretanto umas incursões superiores de modo a levantar o fumo que se fazia sentir. Verificando que o que restava do grupo de Roccondil se havia juntado, bradou aos céus um grito de fúria!
A feiticeira ouviu vagamente o seu nome ser pronunciado. Uma, duas vezes. Procurando, descortinou Eruntalon entre nuvens de fumo! O brilho da sua espada era bastante visível. O cavaleiro encontrava-se com uma bela armadura élfica, sujo de terra e sangue, apesar da chuva que se fazia sentir e que entretanto cessara. Tinha cabelos castanhos finos, barba rala e uma postura de desafio! Sim, não havia dúvida! Aquele era o comandante que tanta vergonha e derrota lhe havia infligido! O ódio elevou-se à fúria que já sentia, e ordenou ao dragão nova incursão, determinada a fazer do Homem um exemplo!
O comandante viu a besta guinar na sua direcção, desfumando a atmosfera em redor. A cada segundo decorrido, o que era um ponto negro tornava cada vez mais dimensões monstruosas. Assim, aos poucos foi focando melhor o dragão. Possuía um ventre ligeiramente amarelado, protegido por uma armadura de couro, a qual provavelmente seria leve e elástica para se adaptar ao animal em causa. Os olhos eram vermelhos, e na escuridão do fumo ficavam de um encarnado mais vivo. As garras e presas eram , no mínimo, medonhas! Perante tal quadro Eruntalon sentiu ver a morte de frente e todas as suas dores desapareceram. Mas de repente lembrou-se de Ondo, de Mirimon, da sua amada e de todos os seus ideais. .. e quando começou a sentir a deslocação de vento provocado pelo dragão, gritou!
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