Entretanto a 700 m. dali, Úra, outrora segura e confiante, observava aquele revés atrás das linhas de infantaria situadas a meio do vale. A sua falta de experiência, aliada à menor conotação de valores para com a vida dos seus camaradas que tinham os Nainies entre si, facilitou a sobrevivência de Eruntalon e os seus companheiros. Afinal aquele pequeno exército tinha uma missão a cumprir noutro lugar e aquele encontro fora mera coincidência.
Para poupar a infantaria, havia lançado logo o segundo ataque mais forte de que dispunha - a cavalaria - convencido de que de que a resistência iria ser reduzida. Pela mesma razão, mal a primeira vaga estava a ser aniquilada, mandou a segunda da mesma natureza, na esperança de remediar a situação e suavizar a ira da sua Mestre. Contudo a situação tinha piorado, e naquele momento essa mesma horda encontrava-se quase a bater em retirada.
Úra percebeu então que tinha que agir com rapidez! Observou os 200 soldados que ainda possuía, enquanto reflectia. Desta vez não iria subestimar o adversário…iria ordenar um ataque conjunto! “Será apenas uma questão de tempo…”, pensou. Afinal os Homens já se encontravam esgotados após as cargas da cavalaria. A sua fácies abriu-se num sorriso cínico!
Quando se preparava para dar a ordem ao capitão da companhia, sentiu um nó no estômago. Uma bela voz feminina ecoou na sua cabeça...“estou a chegar”. O sorriso desvaneceu-se e foi substituído por um semblante de pânico, dissimulado logo em seguida perante a aproximação do seu capitão.
“A Mestre está a chegar, preparem-se para seguirem as suas ordens”, referiu-lhe.
O Nainie esboçou um sorriso confiante e rapidamente transmitiu novas instruções aos subalternos. A notícia foi recebida com um coro de gritos de guerra entusiastas!
Eruntalon segurava no companheiro que há momentos lhe salvara a vida. Agora, jazia no chão. Esticou a mão direita, fechando-lhe as pálpebras. Da anterior centena de cavaleiros apenas sobravam cerca de uma dúzia, que fugiam apeados. O Ohtar ouviu então os gritos de guerra da enorme massa escura no horizonte, perscutando-a. Simultaneamente ouviu um grito de aviso de Ondo, um dos seus capitães, que juntamente com Roccondil – o seu outro capitão – eram os seus amigos do peito, assim como o ausente Mirimon. Rapidamente o descendente élfico percebeu que se o inimigo no clímax da derrota rejubilava, era reflexo do que se aproximava: a Aranel!
Desembainhando a sua espada, viu o clarão que advinha da sua lâmina: as palavras ore-ril gravadas a cor de fogo brilhavam! A essência alojada no cerne daquele objecto de guerra era semelhante à mobilizada por cada Aranel para formular feitiços através da sua montada. Daí reagir à presença desta...ela estava próxima! Gritando para Ondo e para os restantes companheiros, todos os cavalos ainda ilesos dos Nainies que se encontravam nas imediações foram montados. O comandante não dispunha de nenhum na sua zona, pelo que ficou a observar o seu capitão e cinco dos seus cavaleiros a perseguir e exterminar os opositores que batiam em retirada a várias centenas de metros.
Sem perder mais tempo, olhou em redor tentando perspectivar as baixas. Cerca de vinte, fora os feridos. Teve que lutar contra o seu corpo que inconscientemente reclamava uma pausa, um fugaz descanso. Mas fez o contrário. Gritou por Roccondil e encontrou-o ferido num braço. Rapidamente falaram da estratégia que iriam adoptar a seguir. Mas um grito medonho interrompeu-os...
No lado oposto do vale, havia surgido um enorme dragão azul, montado pela sua Mestre. Deu duas voltas sobre os seus Nainies, levantando o braço enquanto a saudavam. A Aranel, no alto da sua besta, em pouco segundos percebeu o que acontecera, em parte graças à comunicação hipnótica que mantivera com Úra. Regendo-se pelo orgulho ferido, nem pousou no chão: irrompeu contra os seis cavaleiros desprotegidos que se encontravam a retornar ao seu exército.
Eruntalon gritou, avisando Ondo. Os homens apressaram os corcéis mas estavam longe do seu grupo, sensivelmente a meio caminho dos dois exércitos. O comandante mandou preparar os arqueiros mas sabia que os seus camaradas não teriam tempo para chegarem até si. A besta aproximava-se velozmente! Os seis homens tentaram dispersar-se para evitarem serem colhidos pelas garras da besta em caso de um ataque terreno...mas de nada lhes valeu! Instantes depois a Aranel abateu-se sobre eles! Toldada pela fúria do vexame de ter perdido 100 homens quis demonstrar o seu poder! Sem picar sobre os Homens, formulou palavras à sua montada. Com um rugido esta última abriu as presas enquanto gerou uma bola de fogo.
E Eruntalon sentiu-se impotente! Paralisado, viu os seus amigos explodiram em chamas! Naquele momento o tempo parou, enquanto Ondo era uma autêntica tocha humana que se contorcia. Lágrimas correram pela face do comandante misturando-se com a intensa chuva, enquanto a fúria que o assumava o impeliu a correr na direcção do seu amigo. Os seus companheiros seguraram-no pois ser apanhado em campo aberto seria suicídio. O dragão vinha aí e os homens sabiam que no mínimo precisavam de estar em formação...e rezar!
Contudo, a Aranel deteve a sua montada. Sabia que esta estava fatigada com a longa e rápida viagem que haviam sido obrigados a fazer por consequência dos últimos acontecimentos. Por conseguinte, não queria expô-la desnecessariamente e já havia demonstrado o pretendido...o seu poder bélico e, simultaneamente, espalhar o receio nas hostes inimigas! Assim, enquanto deu meia volta ordenou a Úra que lançasse metade da infantaria ao ataque. Esta, motivada, avançou em linha gritando efusivamente!
Os batalhões de Ohtars sabiam de que apenas dispunham de alguns minutos antes dos Nainies percorrerem a distância que os separavam. O comandante estava trucidado pela dor interna que lhe assomava a alma, acompanhado por um desejo de vingança! Roccondil acercou-se dele e colocou-lhe o braço não ferido no ombro direito do seu amigo. Eruntalon olhou para o semblante do seu irmão de armas e descortinou também lágrimas. Mas em seguida o companheiro banhou-o com um sorriso.
“Lembras-te do sonho do Ondo?”, perguntou.
“Sim”, respondeu Eruntalon. “Era o mesmo que o nosso!”.
“Vamos honrá-lo caro irmão?”- inquiriu Roccondil.
O comandante sorriu. Olhou para o amigo e para todos os Homens restantes. De seguida, olhou para trás de si na direcção do inimigo. Lá ao longe, o dragão pousado no chão abriu as asas demonstrando toda a sua envergadura e poder, enquanto rugia. Os seus olhos ainda pousaram a meio caminho, no misto de terra e mamíferos queimados que ainda ardiam.
“ Vamos!”- retorquiu. “E mais, vamo-la matar!”.
Um homem comum teria pensado que Eruntalon teria endoidecido. Mas nenhum daqueles Othars o fez. Pelo contrário! Um grito elevou-se nos céus: “Atar Alcar!”*. Todos bradaram. Nenhum vacilou.
Eruntalon e Roccondil apertaram as mãos com força, olhando confiantes e decididos nos olhos de cada um, como que reforçando a aliança que os unia e que apenas poderia ser quebrada pela morte.
Ambos deram meia volta e, dirigindo-se a cada metade do grupo, gritaram aos seus conterrâneos: “Vamos jogar o nosso trunfo!”. Mais um grito de guerra surgiu nos Homens! E o resto das indicações resumiram-se a especificidades estratégicas.
*Ore -ril - "Chama do coração (heart + flame)" em Quenya.
*Atar alcar – “Pela glória” em Quenya.
Para poupar a infantaria, havia lançado logo o segundo ataque mais forte de que dispunha - a cavalaria - convencido de que de que a resistência iria ser reduzida. Pela mesma razão, mal a primeira vaga estava a ser aniquilada, mandou a segunda da mesma natureza, na esperança de remediar a situação e suavizar a ira da sua Mestre. Contudo a situação tinha piorado, e naquele momento essa mesma horda encontrava-se quase a bater em retirada.
Úra percebeu então que tinha que agir com rapidez! Observou os 200 soldados que ainda possuía, enquanto reflectia. Desta vez não iria subestimar o adversário…iria ordenar um ataque conjunto! “Será apenas uma questão de tempo…”, pensou. Afinal os Homens já se encontravam esgotados após as cargas da cavalaria. A sua fácies abriu-se num sorriso cínico!
Quando se preparava para dar a ordem ao capitão da companhia, sentiu um nó no estômago. Uma bela voz feminina ecoou na sua cabeça...“estou a chegar”. O sorriso desvaneceu-se e foi substituído por um semblante de pânico, dissimulado logo em seguida perante a aproximação do seu capitão.
“A Mestre está a chegar, preparem-se para seguirem as suas ordens”, referiu-lhe.
O Nainie esboçou um sorriso confiante e rapidamente transmitiu novas instruções aos subalternos. A notícia foi recebida com um coro de gritos de guerra entusiastas!
Eruntalon segurava no companheiro que há momentos lhe salvara a vida. Agora, jazia no chão. Esticou a mão direita, fechando-lhe as pálpebras. Da anterior centena de cavaleiros apenas sobravam cerca de uma dúzia, que fugiam apeados. O Ohtar ouviu então os gritos de guerra da enorme massa escura no horizonte, perscutando-a. Simultaneamente ouviu um grito de aviso de Ondo, um dos seus capitães, que juntamente com Roccondil – o seu outro capitão – eram os seus amigos do peito, assim como o ausente Mirimon. Rapidamente o descendente élfico percebeu que se o inimigo no clímax da derrota rejubilava, era reflexo do que se aproximava: a Aranel!
Desembainhando a sua espada, viu o clarão que advinha da sua lâmina: as palavras ore-ril gravadas a cor de fogo brilhavam! A essência alojada no cerne daquele objecto de guerra era semelhante à mobilizada por cada Aranel para formular feitiços através da sua montada. Daí reagir à presença desta...ela estava próxima! Gritando para Ondo e para os restantes companheiros, todos os cavalos ainda ilesos dos Nainies que se encontravam nas imediações foram montados. O comandante não dispunha de nenhum na sua zona, pelo que ficou a observar o seu capitão e cinco dos seus cavaleiros a perseguir e exterminar os opositores que batiam em retirada a várias centenas de metros.
Sem perder mais tempo, olhou em redor tentando perspectivar as baixas. Cerca de vinte, fora os feridos. Teve que lutar contra o seu corpo que inconscientemente reclamava uma pausa, um fugaz descanso. Mas fez o contrário. Gritou por Roccondil e encontrou-o ferido num braço. Rapidamente falaram da estratégia que iriam adoptar a seguir. Mas um grito medonho interrompeu-os...
No lado oposto do vale, havia surgido um enorme dragão azul, montado pela sua Mestre. Deu duas voltas sobre os seus Nainies, levantando o braço enquanto a saudavam. A Aranel, no alto da sua besta, em pouco segundos percebeu o que acontecera, em parte graças à comunicação hipnótica que mantivera com Úra. Regendo-se pelo orgulho ferido, nem pousou no chão: irrompeu contra os seis cavaleiros desprotegidos que se encontravam a retornar ao seu exército.
Eruntalon gritou, avisando Ondo. Os homens apressaram os corcéis mas estavam longe do seu grupo, sensivelmente a meio caminho dos dois exércitos. O comandante mandou preparar os arqueiros mas sabia que os seus camaradas não teriam tempo para chegarem até si. A besta aproximava-se velozmente! Os seis homens tentaram dispersar-se para evitarem serem colhidos pelas garras da besta em caso de um ataque terreno...mas de nada lhes valeu! Instantes depois a Aranel abateu-se sobre eles! Toldada pela fúria do vexame de ter perdido 100 homens quis demonstrar o seu poder! Sem picar sobre os Homens, formulou palavras à sua montada. Com um rugido esta última abriu as presas enquanto gerou uma bola de fogo.
E Eruntalon sentiu-se impotente! Paralisado, viu os seus amigos explodiram em chamas! Naquele momento o tempo parou, enquanto Ondo era uma autêntica tocha humana que se contorcia. Lágrimas correram pela face do comandante misturando-se com a intensa chuva, enquanto a fúria que o assumava o impeliu a correr na direcção do seu amigo. Os seus companheiros seguraram-no pois ser apanhado em campo aberto seria suicídio. O dragão vinha aí e os homens sabiam que no mínimo precisavam de estar em formação...e rezar!
Contudo, a Aranel deteve a sua montada. Sabia que esta estava fatigada com a longa e rápida viagem que haviam sido obrigados a fazer por consequência dos últimos acontecimentos. Por conseguinte, não queria expô-la desnecessariamente e já havia demonstrado o pretendido...o seu poder bélico e, simultaneamente, espalhar o receio nas hostes inimigas! Assim, enquanto deu meia volta ordenou a Úra que lançasse metade da infantaria ao ataque. Esta, motivada, avançou em linha gritando efusivamente!
Os batalhões de Ohtars sabiam de que apenas dispunham de alguns minutos antes dos Nainies percorrerem a distância que os separavam. O comandante estava trucidado pela dor interna que lhe assomava a alma, acompanhado por um desejo de vingança! Roccondil acercou-se dele e colocou-lhe o braço não ferido no ombro direito do seu amigo. Eruntalon olhou para o semblante do seu irmão de armas e descortinou também lágrimas. Mas em seguida o companheiro banhou-o com um sorriso.
“Lembras-te do sonho do Ondo?”, perguntou.
“Sim”, respondeu Eruntalon. “Era o mesmo que o nosso!”.
“Vamos honrá-lo caro irmão?”- inquiriu Roccondil.
O comandante sorriu. Olhou para o amigo e para todos os Homens restantes. De seguida, olhou para trás de si na direcção do inimigo. Lá ao longe, o dragão pousado no chão abriu as asas demonstrando toda a sua envergadura e poder, enquanto rugia. Os seus olhos ainda pousaram a meio caminho, no misto de terra e mamíferos queimados que ainda ardiam.
“ Vamos!”- retorquiu. “E mais, vamo-la matar!”.
Um homem comum teria pensado que Eruntalon teria endoidecido. Mas nenhum daqueles Othars o fez. Pelo contrário! Um grito elevou-se nos céus: “Atar Alcar!”*. Todos bradaram. Nenhum vacilou.
Eruntalon e Roccondil apertaram as mãos com força, olhando confiantes e decididos nos olhos de cada um, como que reforçando a aliança que os unia e que apenas poderia ser quebrada pela morte.
Ambos deram meia volta e, dirigindo-se a cada metade do grupo, gritaram aos seus conterrâneos: “Vamos jogar o nosso trunfo!”. Mais um grito de guerra surgiu nos Homens! E o resto das indicações resumiram-se a especificidades estratégicas.
*Ore -ril - "Chama do coração (heart + flame)" em Quenya.
*Atar alcar – “Pela glória” em Quenya.
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