Europeias 2009

Finalmente um bom resultado nestas eleições: http://tv1.rtp.pt/noticias/eleicoes/europeias2009/! Paulo Rangel fez a campanha praticamente sozinho sem o apoio dos "barões" do PSD e saiu-se bastante bem. Pena que enviem para a Europa uma pessoa que demonstrou ter uma boa qualidade e, consequentemente, fará cá falta face aos desafios futuros que se avizinham. BE e CDS cresceram e encontram-se igualmente satisfeitos. Concordo com o Ricardo Araújo Pereira quando refere que Portugal é o único país civilizado em que os auto-denominados Trotskistas têm mais do que 2%, pois todos já conhecemos as suas ideias e modo de fazer política (cada vez que me lembro que a deputada Ana Drago acusou as forças policiais de "racismo" aquando do famoso arrastão quando na realidade estas não fizeram o que era sua obrigação -prender o grupo de ladrões). Até porque o BE de Trotskista tem pouco, apesar de uma das facções que lhe deu origem ser desta natureza. Penso que nestes últimos largos tempos a única intervenção significativa que o Bloco realizou foi "berrar" (literalmente) contra as vergonhas dos escândalos financeiros que se verificaram nos bancos nacionais. Por conseguinte, incitou o CDS-PP a mexer-se e a dar origem aos inquéritos parlamentares que decorrem e que naturalmente destes dois partidos só o CDS tem capacidade para as liderar.

Apesar do PCP referir que "cresceu" (como sempre seria de esperar, é o único partido que nunca assume uma derrota), a verdade é que a sua situação actual é preocupante. O factor chave é a abstenção de 63,14 % . Todos sabemos que os militantes do PCP votam sempre em grande número, faça chuva ou faça sol. Um resultado tão baixo com a enorme abstenção registada revela que, aquando das legislativas, poderão cair mais já que não terão um número muito maior de votos. Naturalmente o grosso de quem não votou votará principalmente nos dois partidos que farão a diferença: o PS e o PSD. Logo penso que o CDS-PP terá um potencial de subida e o BE de descer um pouco.

Esta situação do PCP preocupa-me um pouco devido ao seu tradicional papel. Embora sempre tenha achado que não tem capacidade para ter grandes responsabilidades no panorama político nacional (o discurso é monotonamente idêntico e sem argumentos, não valendo a pena especificar com Ilda Figueiredo) e achar que muito da sua ideologia é utópica, o PCP sempre desempenhou um papel importante junto dos direitos dos trabalhadores. A sua situação actual revela que muita da gente que lhe era tradicionalmente filiada devido aos trabalho dos sindicatos está discrente do trabalho realizado por estes últimos. E se pensarmos bem temos bons exemplos do estado destes, como os vários sindicatos dos professores. Inicialmente cúmplices do governo de forma vergonhosa, foram a correr atrás do prejuízo sobre o risco de desaparecerem do mapa quando os professores começaram a organizar de forma independente as maciças manifestações que aconteceram. A verdade é que até o dinheiro da Europa pinga para os sindicatos, logo é normal a sua degradação e a subida do Bloco de Esquerda.

Por último uma alusão às sondagens: como acreditar que não viciadas? Como é possível que na véspera o PS levasse a vantagem anunciada e o CDS tivesse penas 2%? É que já não é uma vez isolada. Aliás já vão várias seguidas.