Hoje prestei cuidados a uma Sra. que sofre de carcinomatose. Fui confrontado com uma fase do seu processo de luto, provei da sua revolta e antipatia e em muito menor quantidade do seu agradecimento.
Enquanto do ponto de vista da abordagem física e farmacológica "nada" pode falhar, tentei, como sempre se deve e tento, embora todos erremos, ser criterioso com a postura, presença, a escolha das palavras, do silêncio, mobilização do humor e sorriso e o sempre muito difícil toque terapêutico neste contexto. Ou seja, tudo o que faz verdadeiramente a diferença entre o cuidar e o apenas prestar assistência meramente física, entre o aliviar o sofrimento (vertentes espiritual, existencial, psicológico e emocional) ou apenas simplesmente aliviar a dor na sua vertente física. E cuja margem de erro é subjectivo, especialmente quando há falta de tempo, cansaço e pressão num serviço a abarrotar.
Embora não tenhamos falado muito, abordámos uma palavra difícil neste contexto: fé no sentido de crença interior já que a Sra era ateia ou não encontrava sentido na religião de momento, ou até revolta pessoal. A Sra. revoltava-se e estava antipática mas tinha um sentido de humor e uma força interior enorme e valorizar estes últimos ao invés dos primeiros é por vezes difícil, especialmente quando o sentimos na pele. Olhando é uma coisa, vendo-se é outra.
Isto faz-me sempre reflectir em ver o melhor do Outro, algo que nos parece tão simples mas é facilmente marginalizado no dia-a-dia.
Por outro lado, faz-me reflectir no que dar valor na vida. Só damos muitas vezes valor ao que temos quando o perdemos. Porque estamos dispostos a lutar nas nossas vidas e porquê?Pelo que vale sofrer?O que valorizamos?
Li esta pergunta várias vezes no últimos tempos: "amor ou medo, o que te motiva?". Quem me conhece sabe-a de caras. Mas aqui fica a resposta!
Enquanto do ponto de vista da abordagem física e farmacológica "nada" pode falhar, tentei, como sempre se deve e tento, embora todos erremos, ser criterioso com a postura, presença, a escolha das palavras, do silêncio, mobilização do humor e sorriso e o sempre muito difícil toque terapêutico neste contexto. Ou seja, tudo o que faz verdadeiramente a diferença entre o cuidar e o apenas prestar assistência meramente física, entre o aliviar o sofrimento (vertentes espiritual, existencial, psicológico e emocional) ou apenas simplesmente aliviar a dor na sua vertente física. E cuja margem de erro é subjectivo, especialmente quando há falta de tempo, cansaço e pressão num serviço a abarrotar.
Embora não tenhamos falado muito, abordámos uma palavra difícil neste contexto: fé no sentido de crença interior já que a Sra era ateia ou não encontrava sentido na religião de momento, ou até revolta pessoal. A Sra. revoltava-se e estava antipática mas tinha um sentido de humor e uma força interior enorme e valorizar estes últimos ao invés dos primeiros é por vezes difícil, especialmente quando o sentimos na pele. Olhando é uma coisa, vendo-se é outra.
Isto faz-me sempre reflectir em ver o melhor do Outro, algo que nos parece tão simples mas é facilmente marginalizado no dia-a-dia.
Por outro lado, faz-me reflectir no que dar valor na vida. Só damos muitas vezes valor ao que temos quando o perdemos. Porque estamos dispostos a lutar nas nossas vidas e porquê?Pelo que vale sofrer?O que valorizamos?
Li esta pergunta várias vezes no últimos tempos: "amor ou medo, o que te motiva?". Quem me conhece sabe-a de caras. Mas aqui fica a resposta!
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