"A geração à rasca
Escrevi nesta coluna, há duas semanas, um texto sobre os Deolinda, falando da geração que, pela primeira vez, vai provavelmente viver pior do que as que a antecederam. Mas só tinha ouvido falar da música rock que provocou um entusiasmo unânime na assistência do Coliseu. Depois pude ler, no Expresso, a letra da canção, que me pareceu fracota. E agora pude, finalmente, ler um blogue que circula inspirado na canção - ou melhor, aproveitando-a - para convocar para o próximo dia 12 de Março uma manifestação de protesto, que querem tenha um milhão de participantes - imagine-se! - contra a política, os políticos, os partidos, sem excepção, o Parlamento, o Governo, a justiça, a economia, as finanças, etc.. Sem indicar qualquer alternativa relativamente ao que querem. Que objectivo move os autores deste blogue?
E haverá outros? Querem alguma coisa mais do que o caos? Não se trata de anarquistas. Nem, muito menos ainda, de marxistas, nem sequer de islâmicos radicais. Serão movidos tão-só pelo desespero? Tratando-se de desempregados e de precários, pode-se talvez compreender. Mas não, seguramente, apoiar. Porque são perigosos, antidemocratas, niilistas. Parece que esperam que alguém lhes indique um caminho. Mas qual e quem? A isso respondo: não, muito obrigado! Já tivemos disso 48 longos anos e não queremos mais...".
Mário Soares, DN, 1 de Março 2011 "
A vergonha aumenta quando na semana anterior a esta crónica Mário Soares defendeu a posição dos rebeldes e opositores dos regimes Tunisino, Argelino, Egípcio, Líbio, Irão e do Bahrein!Chegou a dizer que o povo egípcio se revelou "politicamente muito maduro"!
Pois bem, lendo o que escreveu Mário Soares em 1972 no exílio em Paris numa das suas obras, no qual faz um retrato do que era portugal em 1926 - podemos constatar que diz que o País atravessava uma crise profunda(daí posteriormente o início do Estado Novo por necessidade) porque havia falta de adaptação das estruturas, porque a Republica não encontrou homens capazes de fazer reformas urgentes que se impunham e que os partidos eram meros agrupamentos sem qualquer ligação com a realidade, a instabilidade governativa era terrível, o país era dirigido por gente de 2º plano e era atravessado por interesses económicos inconfessáveis (confirmar aqui).
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