Parece que o meu dono inaugurou uma nova moda de prestígio na política em Portugal: a resistência! Até à chegada do meu dono a São Bento, primeiro-ministro que era primeiro-ministro saía com uma crise “séria”. Foi assim com António Guterres (a crise das autárquicas), Durão Barroso (a crise da fuga para Bruxelas), Pedro Santana Lopes (a crise da trapalhada). Mas com o meu dono tudo foi diferente! Desde que chegou a São Bento que andou de crise em crise: o caso do diploma, o caso dos projectos das casas na Beira, o caso Freeport, o caso TVI, o caso das Escutas a São Bento, o caso Manuela Moura Guedes, o caso PT! Mas ao contrário dos seus antecessores, a tudo o meu dono resistia. E muitos comentadores e parte da nossa opinião pública considerava uma virtude assinalável o simples facto de o meu dono não ter abandonado o cargo de primeiro-ministro depois de cada uma destas crises apenas porque… ficava!
Qualidades como a competência, honestidade política, respeito pelos órgãos de soberania e pelas promessas eleitorais foram, de uma vez por todas, secundarizadas em detrimento de um novo valor absoluto na política: a resistência! E se num futuro próximo aparecer um primeiro-ministro mentiroso, capaz das acções mais anti-democráticas possíveis e imaginárias mas ficar sempre firme no seu posto isso passará a ser considerado normal! “Ele é mentiroso mas não foge como os outros!”. E eis como corremos o risco de, num futuro próximo, os cartazes eleitorais terem ‘slogans’ como: “O corrupto que veio para ficar!”, “Primeiro-ministro mesmo que me prendam!” ou “Candidato X, mais firme, mais hirto”!
In Destak 27 03 2011
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