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Ser Enfermeiro...

Friday, January 29, 2010

Enfermagem em luta!

Hoje entre 15 000 a 20 000 enfermeiros manifestaram-se junto ao Ministério da Saúde e Ministério das Finanças, para aonde se dirigiram em marcha lenta e constituíram a maior manifestação destes profissionais desde há 34 anos! Lutam contra descriminação social e a falta de reconhecimento do Estado perante o direito básico de serem remunerados consoante o seu grau académico. Enfermeiros licenciados, com mestrado ou Doutoramento (4 anos de licenciatura só dá licenciatura e não mestrado como a maior parte dos outros cursos segundo o processo de Bolonha) ganham menos que um recém licenciado doutra área da saúde (e não só) da função pública. O Enfermeiro no ingresso da carreira ganha 995 Euros contra 1500 de outros técnicos de saúde, e muitos ganham o mesmo há 20 anos de trabalho, não progredindo na carreira. Um Enfermeiro não é menos que qualquer outro técnico da saúde, um professor ou um educador de infância. É inadmissível que um Enfermeiro numa unidade de neonatalogia ganhe, por exemplo, menos que um educador de infância! Licenciatura desde há uma década, a Enfermagem tem desenvolvido ainda mais o seu corpo de conhecimentos e os seus profissionais são devidamente certificados. Além disso a percentagem de Doutorados nas escolas de Enfermagem e das mais altas do Ensino politécnico!

A Enfermagem aposta seriamente na sua formação, mas o enfermeiro não ganha consoante esta . Querem humilhar este nobre profissional! Que trabalha por amor ao próximo, cuidando dos utente, das famílias e da comunidade não só quando estão em situação de risco ou de morte, mas ao longo de todo o ciclo de vida, com uma idoneidade inegável e nunca conspurcada por lobbies sociais e financeiros. Quando um enfermeiro cuida de alguém (há quem só "trate", mas os enfermeiros têm como objectivo "cuidar", o que engloba sempre não só tratar mas desenvolver todas as potencialidades que o indivíduo tem para a sua autonomia e desenvolvimento pessoal) só exerce a sua ciência em prol da defesa das necessidades e direitos do doente (quem é a voz de um doente internado e sua família na equipa de saúde?Quem zela pelos seus direitos maioritariamente?)!

O Enfermeiro cuida do doente 24 horas por dia, faz manhãs, tardes e noites, fins-de-semana e feriados, tem uma carga física, psicológica e emocional brutal mas não tem margem mínima para errar. Ser Enfermeiro é prejudicar em parte a sua vida pessoal, familiar e social, por os sacrifícios que implica. O Enfermeiro, no exercício da sua profissão, efectua não só intervenções de Enfermagem interdependentes, iniciadas por outros profissionais da equipa multidisciplinar (apenas o médico) e em que o Enfermeiro é responsável pela sua gestão e implementação (para saber gerir e implementar necessita de dominar a(s) ciência(s)!!), bem como intervenções autónomas, prescrevendo e executando. Para a execução da sua profissão com qualidade,além de ter de se apropriar de conhecimentos de outras ciências da saúde , como da medicina, psicologia, sociologia, fisioterapia, farmacologia etc, tem um corpo de conhecimentos próprio e que lhe permite realizar intervenções vitais e insubstituíveis por qualquer outro licenciado ou um "contratado à tarefa", pois todas as intervenções têm um planeamento e uma intencionalidade por trás da sua orquestração! O Enfermeiro faz a ponte entre todos os profissionais de saúde e o utente/família e defende sempre os seus interesses, situação que é exponencialmente relevante em utentes que se encontram sozinhos e debilitados e à mercê do "abuso" no Sistema Nacional de Saúde.

O Enfermeiro cuida de PESSOAS, o que significa compreender o seu sofrimento e necessidades ao longo do ciclo de vida. A licenciatura de 4 anos é pesada pois engloba as áreas de saúde do adulto e Idoso ( sub-áreas de medicina, cirurgia, ortopedia,etc), Saúde Infantil e da Mulher e família (obstetrícia, pediatria, planeamento familiar,etc), saúde mental (psiquiatria), saúde comunitária (Centro de saúde e intervenção comunitária e no trabalho) e muitas vezes a área de urgência/emergência (Serviço de urgência) e de cuidados paliativos. (Unidades da mesma e intervenção domiciliária). Durante estes 4 anos, o licenciado (quem já era enfermeiro bacharel fez mais um ano de formação) faz meses de estágios todos os anos de modo a desenvolver competências em todas estas áreas, sem deixar de estudar e fazer exames, além de inúmeros trabalhos constantes (em quantos cursos mais se efectua monografia apenas na licenciatura?) e um enormíssimo processo e projecto de desenvolvimento pessoal para perceber e compreender melhor as necessidades do utente ao longo do seu ciclo de vida, mas também em cada situação concreta. Porque não há intervenções "standerizadas", cada pessoa é uma pessoa e necessita de abordagens individuais! O enfermeiro faz parte do grupo selecto de pessoas que contacta com o sofrimento e morte desde os 18 anos, como se pode considerar que ocorra em alguns segmentos do exército e dos bombeiros e alguns Auxiliares de Acção médica (que se deviam chamar Auxiliares de Acção em Saúde, pois a medicina foca-se praticamente só no tratar), mas nunca com tanta exposição. Um Enfermeiro competente é pois um herói, pois não só ganha menos que um recém-licenciado de outras carreiras da função pública, como tem uma profissão mais exigente e que executa com elevados padrões de qualidade, como por exemplo também se encontra exposto ao risco de infecções variadas.




O Enfermeiro merece assim não ser discriminado, apesar de achar que deveria ser mais remunerado do que muitas outras profissões da função pública. Junta-se a tudo isto o elevado desemprego de milhares de jovens Enfermeiros pois os rácio de enfermeiro-utente não são minimamente ajustados à população portuguesa pelas entidades empregadoras coma conivência do governo. Segundo a OCDE o rácio ideal seria de 1 Enfermeiro para 4 utentes, mas o rácio actual está no mínimo, perto do triplo. Quantas vezes um Enfermeiro não tem 15 (!!) doentes a seu cargo num turno?? Mais: quantas vezes não se encontra um(!!!) só Enfermeiro e um Auxiliar de Acção Médica para 30 doentes em turnos à noite?? Basta dois terem uma paragem cardio-respiratória ao mesmo tempo que um deles tenha de falecer. E o Enfermeiro nessas condições exaspera para conseguir manter todos os utentes vivos, já nem cuida, o objectivo passa a ser que os utentes não morram. Nos centros de saúde a realidade é também inadmissível e "horrível" para a qualidade dos cuidados a prestar e apra o bem estar da população: um enfermeiro para cerca de 3000 utentes, quando o máximo dos máximos deveria ser 1500. A precariedade na profissão também é fruto do grande número de licenciados que se formam por ano, pela crise económica e também pela subjectividade da natureza de muitos cuidados de Enfermagem que não são facilmente observáveis e quantificáveis numa sociedade biomédica, que valoriza mais o tratar que o cuidar (não obstante a importância do desenvolvimento da medicina, sem cuidar não há só tratar como não há qualidade de vida). Por exemplo, numa situação de internamento cirúrgico,urgente ou electivo, como se avalia uma intervenção para reduzir a ansiedade num doente, por exemplo antes da cirurgia? A tranquilidade que advém da intervenção do enfermeiro? A forma como isso promove a adaptação física e psicológica à situação de doença e, consequentemente, à cirurgia? Após a última como se avalia as inúmeras intervenções de educação para saúde feitas a um doente para adquirir novos hábitos de vida, aceitar a sua doença e conseguir viver com ela, olhando-se ao espelho em paz todos os dias (imagine-se uma amputação ou uma colostomia) até alterar a sua actividade física ou alimentação de forma radical? E as intervenções semelhantes à família? Um utente não é só tratar do corpo, o que já envolve uma grande quantidade de conhecimentos. Para tudo isto há pois instrumentos de avaliação mas esta será sempre muito subjectiva, enquanto critérios biomédicos como "nº de cirurgias efectuadas vs nº de utentes falecidos vs nº de complicações no recobro" são dados puramente estatísticos, e, consequentemente, mais usados para justificar gestão de fundos e de recursos humanos por gestores e médicos.

Dei este exemplo pois além de tudo o que envolve medicação, técnicas biomédicas e tratamento do corpo, a parte psicológica tem um grande peso na pessoa e quando está sã, a recuperação e a sobrevivência é exponenciada, factos mais que provados cientificamente! O Enfermeiro tem pois instrumentos desenvolvidos para avaliar as suas intervenções, mas muitas delas pautar-se-ão sempre pela subjectividade pois este profissional cuidará sempre de Pessoas, seres bio-psico-sócio-culturais e espirituais e não máquinas.
Pretendi assim justificar esta greve dos Enfermeiros, os quais por vezes são acusados de prejudicarem os utentes por efectuarem uma luta legítima. O Enfermeiro é a base (competente) do SNS, uma das poucas coisas que ainda funciona relativamente bem em Portugal e tem alguns índices que se situam na média internacional. Consequentemente, deve ter um reconhecimento profissional e social justo perante os restantes colegas e parceiros do SNS, em que todos são indispensáveis e cujo trabalho de equipa deve ser realizado em prol do bem estar do utente e do superior interesse do mesmo! Não se esqueçam que os Enfermeiros, apesar de darem tudo o que têm - e a sua profissão só se pautar por princípios justos-, são também Pessoas que merecem e devem ser acarinhados e protegidos pela sociedade e remunerados consoante a sua qualificação, sacrifício e responsabilidade. O Enfermeiro ao reivindicar uma justa progressão na carreira e um justo vencimento ( há 10 anos (!!) que não ganha como deve) está, como sempre, também a defender o superior interesse do utente e do povo português pois um profissional desmotivado não presta bons cuidados e as condições em que exerce cada vez mais prejudicam o utente. E não só o que, regra geral, incorre no privado, mas principalmente o com menos recursos e que constitui a grande parte da sociedade, e dos quais futuramente farão parte toda a classe média contemporânea, face às consequências da crise e dos erros políticos que mancham e macharam a nossa governação nos últimos anos!

Hoje estive lá com muito orgulho, e com quem nestes dias perdeu ainda mais dinheiro a reivindicar um justo direito!

Deixo-vos com parte de um comentário de um enfermeiro no blog Doutor Enfermeiro, que revela a realidade nórdica da Enfermagem na Europa ,com uma subsequente grande melhora do SNS de Inglaterra, Suécia, Noruega, Finlândia,etc (em resposta a um comentário médico contra as competências do Enfermeiro e a "razão" para a sua greve):


"(...) a sra . Ministra da Saúde Inglesa é uma ENFERMEIRA.
Mas mais, foi encomendado um estudo independente que avaliasse a relação custo/benefício nos Hospitais Ingleses,e ...Surpresa das surpresas os melhores classificados são dirigidos por Enfermeiros.
Mais ainda, o Royal College of Medicine, publicou recentemente um estudo que diz que 80% dos erros de prescrição dos Médicos são detectados pelos Enfermeiros. Para isto é preciso ter conhecimento, ou não?

Quer saber mais ? [realidade Portuguesa]
Nos cursos de suporte Básico, Avançado, e Imediato de vida que vêm realizando a maior percentagem de chumbos é de médicos.
Conheço serviços inteiros em que os doutos profissionais frequentam as formações mas no final recusam-se a ser avaliados"

Nos países reconhecidos inequivocamente como os mais desenvolvidos do Mundo (Norte da Europa), o Enfermeiro prescreve e está presente nos mais altos cargos sociais e políticos. Resultado? A saúde e a qualidade de vida melhoraram.

As realidades podem variar em alguns aspectos de país para país, e por cá, numa sociedade em que o médico se protege e é protegido de forma excessiva (não obstante o papel central e insubstituível que tem no SNS),aliado às mentalidades retrógradas e lobbies sociais e financeiros, como o das companhias farmacêuticas, nao só querem impedir que o Enfermeiro exerça na pelnidade das suas competências para com a população, segundo o preconizado pela OMS, OCDE e todas as outras grandes organizações e entidades competentes a nível mundial, como querem humilhá-lo e não lhe dar o que têm direito por lei, descriminando-os em relação à restante função pública e técnicos de saúde.


Algumas notícias:









Intervenções parlamentares: Rosário Águas - PSD

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Bernardino Soares - PCP


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