União Zoófila e Associação Zoófila Portuguesa


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Ser Enfermeiro...

Saturday, March 21, 2009

Eruntalon - X

Eruntalon e os Ohtars desciam a colina. A luz do sol reflectia-se nas armaduras, dando-lhes um contorno reluzente. De espadas estendidas assemelhavam-se a arcanjos voando na defesa do Bem. Cavalgavam em 20 belos mamíferos hipomorfos. O comandante montava o branco e lusitano Lomion. Roccondil o seu magnífico animal Berbere. O resto eram Pasos, Quarters, Galicenos,Hunters e um Shagya. Aqueles corcéis, alinhados em tão grupo heterogénio, representavam os donos, pois tais como eles possuíam diferenças físicas e de personalidade. Mas uma coisa tinham em comum: as crenças que os regiam. Aquele grupo era a personificação de todo o seu povo, panóplia de multiculturalidade que constituía e de tudo o que os unia: a amizade e o amor!

Aproximavam-se agora do sopé da colina, perto do que restava do inferno de chamas e fumo. Os Ohtars cerraram a formação e iniciaram a cavalgada! Mergulharam no mar de labaredas e cinzas, saltando por cima dos da terra que ardia e circundando os eucaliptos que ainda se mantinham em chamas, como tochas gigantes cravadas no vale. Todos estavam feridos e as cinzas e fumo que inalavam secavam-lhes a boca e as restantes vias aéreas, fazendo-os tossir sangue, secreções e ar. Involuntariamente deitaram lágrimas dos olhos. As armaduras recomeçaram a aquecer e re-acordar dores físicas já esquecidas. Mas a cavalo o inferno passava-se rápido.

Os Nainies deixaram de ver o inimigo. Olhavam agora sedentos para o curto descampado que os separava do fumo negro.Esperaram impacientemente por avistarem os primeiros vultos dos homens que iriam pagar caro pela ousadia. Ouviam as últimas ordens do capitão e Úra. Foi-se fazendo silêncio, e o crepitar da madeira foi ganhando protagonismo como o som mais exacerbado daquela extremidade do vale. Então o vento levantou, projectando os longos cabelos pretos da Aranel e dos seus soldados para a frente, apesar da maioria usar elmos. A aragem dirigiu-se em direcção ao eucaliptal, começando a empurrar o fumo preto.

O descampado visível à frente dos Nainies começou a aumentar de tamanho. Ouviu-se então um grito. Primeiro abafado, meio rouco, que foi subindo de intensidade. Posteriormente avistaram um vulto! Inicialmente pequeno, depois maior. Dois, três, quatro...uma linha. Cavaleiros e corcéis emergiram da nuvem negra! Deixavam um rasto de cinza que se havia acumulado e caía agora de elmos, espaldeiras e garupas. Toda a formação gritava com as espadas estendidas, segurando as rédeas com o braço do escudo, o mais fraco ou, na maior parte dos casos, com o em piores condições. Crinas esvoaçavam e a de Lomion brilhava com o sol poente. O som grave da corneta de Roccondil ecoou pelo vale.

Mal os olhos se habituaram à luz, Eruntalon focou o inimigo, situado a poucas dezenas de metros. Em plano de fundo, o dragão rugiu, abrindo a asa esquerda em sinal de desafio. E foi então que Eruntalon deixou de o ouvir. O tempo quase parou, as passadas de Lomion pareceram ficar mais lentas e a distância para o confronto maior. O movimento do quadrúpede dava-lhe agora uma sensação algo relaxante. Deixou de sentir dores e o vento que lhe batia na cara. A espada pareceu-lhe ficar mais pesada...até que deixou de tudo ver !Apenas ouvia os passos da montada ressoarem vagamente na cabeça. Na sua mente desfilavam agora imagens em “flashes”: os seus amigos; a família; a amada; acontecimentos de vida marcantes... treinos com o pai, conversas com a mãe, a primeira cavalgada, um jantar de família, a sua casa, a morte dos avós, o primeiro beijo, a primeira vez que pegou na espada, o seu juramento do código , cerimónia em que foi ordenado Ohtar... o ataque de Nainies à aldeia, os cadáveres dos vizinhos, a sua demanda, momentos de inúmeras lutas travadas nos últimos anos, Mirimon, Roccondil, Ondo, a dor , o sofrimento...a Aranel. Mal essa imagem ecoou na sua mente, algo explodiu dentro do cavaleiro. As supras-renais reclamaram a sua existência projectando para a circulação sistémica quantidades incríveis de adrenalina. O coração acelerou e os músculos contraíram-se!

Instantaneamente como se havia formado ,desfez-se o torpor! Eruntalon voltou a sentir o vento e os sons de outrora. Heru ladrou de dentro do seu saco, como que sentindo a iminência do embate. Eruntalon focou o inimigo a 40 metros e os seus olhos crispados de fúria foram recebidos com uma salva de flechas. Reflexivamente ergueu o escudo mesmo a tempo de se proteger de várias flechas. Três homens caíram. O comandante fitou-os e o seu olhar cruzou-se com o de Roccondil. Pela última vez o grito fez-se ouvir: “Atar alcar”!

O fim do grito foi abafado pelo choque do metal. Nainies foram projectados e espezinhados perante a fúria hipomórfica! Eruntalon e o capitão distribuíam golpes baixos, decepando e desmembrando opositores e bloqueando ataques. Companheiros e montadas caíram. Pela 1ª linha passou metade da força original. Não dando qualquer segundo para sentimentalismos, abateram-se sobre a 2ª linha. Eruntalon desviou-se de dois opositores que tentaram empalar Lomion. Obrigado a desviar-se para a direita, foi rapidamente cercado. À sua frente o companheiro mais novo do grupo era engolido pelo ataque de 4 Nainies. Outro matava opositores no seu cavalo, antes de ser puxado pelas costas por inúmeros braços para o mesmo fim.

Eruntalon gritou de raiva enquanto brandia a espada de modo harmonioso, espalhando um perfume de mortandade à sua volta. Por duas vezes foi cercado pelo inimigo, das duas os matou. Contudo não conseguiu evitar um corte na perna que o ia fazendo cair. Agastado pela dor, deveu a vida a Lomion que com o seu sentido de sobrevivência conseguiu escapulir-se, fintando os adversários enquanto recebia espadadas nas suas protecções e originaram alguns ferimentos ligeiros nas zonas vulneráveis. No meio da confusão, Lomion juntou-se Roccondil que tinha um punhal espetado na coxa e uma seta na omoplata esquerda, quase não conseguindo movimentar o pesado escudo.

O comandante a muito custo ia sustendo o ímpeto dos Nainies que se começavam a aglomerar-se naquele local: toda a 2ª linha estava a convergir para eles, os sobreviventes! Apenas um terceiro ainda se batia a uns metros deles. E foi naquele segundo que olhou em redor que se apercebeu da mulher de cabelos ruivos que o mirava.

Úra pegou na sua besta e colocou-lhe uma flecha, cuja ponta foi ornamentada com essência para a tornar letal ao simples contacto com um corpo. As vantagens de ter a Aranel como Mestre é que sempre ia aprendendo umas artes mágicas. Focando o horizonte, sorriu sarcasticamente. No confusão que tinha à sua frente, Eruntalon destacava-se facilmente no alto da sua montada. Seria o alvo mais fácil da sua carreira! Apontou ao peito do guerreiro e disparou…


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