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Ser Enfermeiro...

Saturday, March 14, 2009

Eruntalon -III

A raposa, entre o forte odor que lhe chegava, apenas percepcionou as cores e a grande quantidade de vultos que lá em baixo se aglomeravam. Estes emitiam sons guturais que faziam eco por todo o lado, até mesmo à sua toca. Uma criatura mais inteligente teria certamente interpretado…um cenário de guerra!

O centro da contenda ocorria a muitas centenas de metros na base de uma colina, a última elevação antes de uma das saídas do vale, situada na extremidade mais distante deste último. Era uma zona onde o vale afunilava, permitindo à força em menor número conseguir cobrir a largura entre as formações rochosas e suster o ímpeto adversário.

Vistos de longe, via-se uma linha de cavalaria a abater-se sobre várias dezenas de Homens que os tentavam repelir. Os cavaleiros, perto de uma centena, haviam atacado em duas vagas, sendo que apenas esta última ainda se encontrava de pé. Eram Nainies, criaturas humanóides e inimigos eternos dos Elfos e outros povos de bem, por se “alimentarem” de situações que implicavam sentimentos negativos como a dor e o sofrimento.

Eruntalon não era excepção! Desprezava-os e não os temia. Juntamente com os seus companheiros de armas, cuja companhia não ascendia a 80 homens, haviam sido surpreendidos no vale com a chegada de cerca de 300 Nainies, formados em duas companhias com duas centenas de indivíduos de infantaria, a juntar à cavalaria supra-citada. Quem os comandava era uma Úra de cabelo ruivo, criatura que seria subalterna de uma Aranel, constituindo um género de braço direito no campo de batalha e que mantinha uma comunicação hipnótica com a sua Mestre, o que implicava que lhe reportasse o que via. Consequentemente, seria de esperar que a Aranel, mesmo que não estivesse presente no início da contenda, pudesse aparecer a qualquer momento já que se movimentavam em dragões.

Por essa razão, pressupunha-se que o comandante Eruntalon e o seu grupo retirassem quando foram surpreendidos, face ao cenário que se dispunha à sua frente. No entanto eram Ohtars, guerreiros que lutavam pelos seus ideais, valores nobres e altruístas, contra tudo e todos que os ameaçavam. Representavam a esperança e o sonho e eram sinónimo de luta e sacrifício, e nunca abnegação ou desistência! Lutavam por um mundo livre e justo, mas principalmente por todos os que amavam.

Decidiram pois lutar! Tinham o factor surpresa a seu favor: o inimigo apenas vira parte da sua força! Por mera sorte, Eruntalon e os seus homens haviam parado na base oposta da colina para calcular direcções, apenas adiantando os batedores que estabeleceram contacto visual com os Nainies. O comandante ordenou a todos que desmontassem e abrigassem os cavalos no sopé escondido da colina onde se encontravam, com vista a protegê-los e, de igual modo, a constituirem um trunfo escondido para a sua companhia. De seguida, caminharam para o pico do cabeço de modo a mostrarem-se e a avaliarem pormenorizadamente a situação.

O inimigo, não perdendo muito tempo, mobilizou-se em quatro linhas: duas de infantaria e duas de cavalaria. Pela dissemelhança de números previra uma vitória fácil, ordenando o avanço da primeira linha de cavalaria. Mas enganara-se!

Eruntalon focou os cavalos atrás de si. Era tentador montarem-nos e baterem-se de igual para igual com os cavaleiros. Mas os quadrúpedes eram incompatíveis com a única estratégia de defesa que possuíam contra tamanho e heterogéneo opositor: a técnica do quadrado! Devido ao afunilamento do vale, o inimigo encontrava-se impossibilitado de colocar grande número de elementos nas laterais. E assim, com bastante esforço e garra, o quadrado formado por duas linhas susteu e suprimiu a primeira vaga durante duas horas, perdendo apenas 20 homens. Além do ímpeto inicial da carga, o esforço de compensar os camaradas que iam caindo ou as perfurações na defesa era imenso, mas uma coisa jogava a seu favor: a experiência. Eruntalon há anos que se encontrava na sua demanda juntamente com muitos daqueles homens. Não obstante a fadiga, a disciplina era vital! E naqueles momentos fulcrais ela não foi parca, formando-se continuamente duas linhas: uma externa, com lanças compridas e escudos para suster os cavalos; e uma interna, pronta a acudir aos rombos e a tapar a linha da frente.

Eruntalon suava debaixo da armadura, desgastado com o esforço que fizera durante aquelas duas horas. O desgaste mental era enorme mas era a única esperança que tinham. O comandante encontrava-se inicialmente na linha interna, na zona central da companhia. A pressão que era obrigado a efectuar nos companheiros da frente para suster cargas havia sido contínuo.

A luta tinha sido renhida: uma brecha, o homem da frente cai ferido. Sem espaço para respirar toma o seu lugar na linha externa. Defende-se de cavaleiros apeados, que atacam com pesadas espadadas diagonais. Bloqueia os ataques com o seu pesado escudo. Uma espadada, defesa; espadada, desvio; espadada, defesa. Já sentindo a pressão do seu colega da linha interna atrás de si, desvia mais uma incursão, simulando de seguida mais uma defesa: No entanto, sem aviso prolonga o movimento transformando-o numa estocada, ferindo o adversário mortalmente no peito. Menos um. Com esta táctica só se pode atacar com a segurança de um substituto nas costas, pela manutenção da estrutura do grupo, e consequentemente, da sua sobrevivência.

Instantaneamente surgem-lhe mais dois Nainies. Trava o golpe do primeiro e gira o pesado escudo a tempo de desviar a espada do segundo Nainie, que resvala no seu elmo com um som pesado, cortando-lhe um tufo de cabelo castanho e fazendo-lhe vibrar dolorosamente a cabeça. Com o impacto é impelido dois passos para trás. Por reflexo, aproveita o impulso e faz uma rotação de 360º enquanto se ajoelha. Eleva o escudo e na sua protecção efectua uma espadada horizontal que facilmente se aloja no ventre do primeiro cavaleiro, apanhado em contrapé e desprevenido com aquele ataque baixo. O corpo do seu inimigo cai para cima de Eruntalon, toldando-lhe a cara de sangue, a tempo de ver a incursão do primeiro e de um terceiro Nainie. Quando se preparava para o embate, os seus companheiros da esquerda e direita, entretanto “livres”, intervêm de surpresa e eliminam um dos opositores. O último alcança Eruntalon mas este, de joelhos, mergulha de lado e corta-lhe uma perna, sendo rapidamente neutralizado pelos seus companheiros da linha interna.

Sem margem para respirar, os cavaleiros restantes recuam e reorganizam-se, ganhando impulso para nova carga. Eruntalon observou a aproximação das bestas quadrúpedes, ornamentadas com protecções de metal tingidas de sangue vermelho. Deitavam bofes da boca, que condensavam no ar dando-lhes um ar fantasmagórico. O solo tremeu com as montadas e os ares encheram-se de gritos dos Nainies. Eruntalon e e os companheiros mantiveram-se disciplinados, com o primeiro a gritar palavras de contenção aos seus homens. O medo era inversamente proporcional à distância que os separava dos quadrúpedes. A primeira reacção seria fugir. Mas a melhor estratégia estava no ataque! Eruntalon respirou fundo e tentou abstrair-se das dores musculares. Preparou-se para a última vintena de metros que o separava do choque. As sombras, outrora pequenas, cresciam agora exponencialmente. A cada momento decorrente, os companheiros de armas iam descortinando os músculos peitorais das bestas e as suas protecções.

O comandante sentiu o sangue quente irrigar-lhe o encéfalo, enquanto procurava encontrar uma falha na defesa dianteira do cavalo que tomou a sua direcção. Mais um segundo... “firmes”; dois segundos...“firmes”; três segundos...“firmes”. Ao quarto a ordem foi diferente! Uma palavra de ataque soou da garganta do comandante, enquanto embainhava a espada! Logrou esperar até ao último instante para ordenar que todos levantassem as suas longas lanças e, deste modo, tentarem empalar as montadas. E os cavaleiros se a sorte lhes sorrisse. Só homens de guerra disciplinados fazem isso num momento tão efémero!

Eruntalon agiu mecanicamente, ajoelhando-se, o que lhe permitiria facilmente saltar para os lados. Fixou a comprida lança no chão, no ângulo mais baixo que conseguiu.O choque foi brutal. Cavalos e cavaleiros tombaram, defensores foram projectados. O descendente de Elfos desviou-se mas levou a carga de um cavalo em cheio no escudo. Sentiu a sua lança penetrar no ventre do quadrúpede, que reflexivamente se encolheu e projectou o seu dono. Tal facto certamente salvou-o de ser decapitado. Contudo, não aguentou a pressão e foi projectado pela parte lateral da montada uns bons metros para trás.

O seu companheiro em posição anterior tombou igualmente. Atordoado, Eruntalon tentou levantar-se, mas escorregou na lama que enchia o vale, auxiliado pela cota de malha que se havia tornado cada vez mais pesada com a intensa chuva que caía. Apesar da vista turva, percepcionou a aproximação do cavaleiro, agora desmontado, enquanto esticou o braço esquerdo para pegar na sua espada. Os músculos queixaram-se do esforço e aquela fracção quase que era fatal! Levando um pontapé do adversário no peito, caiu novamente e ficou mais longe da arma. A visão tornou-se mais turva mas viu a sombra do seu inimigo a crescer exponencialmente. Por instinto sentiu algo duro à mão, elevando o que posteriormente percebeu ser o resto da haste de madeira da sua lança. Este não era sólido o suficiente para a pesada espada do seu adversário, e foi despedaçado em três partes com um só golpe. Mas serviu! A lâmina resvalou e mudou o suficiente de direcção para perfurar a espaldeira metálica do ombro esquerdo do Ohtar ao invés do seu coração, mas não o salvou de lhe ser inflingida uma forte dor aguda.

Simultaneamente, o opositor, visando poupar tempo a levantar a pesada espada para novo golpe, retirou uma faca da sua cintura para acabar com Eruntalon. Mas as suas intenções ficaram por aí. Quando a lâmina iniciou a sua trajectória descendente, uma seta perfurou o mediastino do Nainie, fazendo-o tombar. Eruntalon olhou para trás e viu o seu companheiro da linha interna que havia sido igualmente projectado, de joelhos e com uma besta nas mãos. Levantando-se, tomou o lugar que o comandante havia deixado vago na frente, pronto a suster a próxima carga. Poucos instantes tinham passado desde que o guerreiro havia levantado a sua lança, mas se um segundo é vital para os defensores, igualmente o é para os cavaleiros.

O comandante permitiu-se então relaxar uns breves momentos, pensando como a técnica dos opositores era apurada e como a sua superioridade numérica era problemática, a juntar à sua maior frescura física. No entanto, a movimentação estratégica dos mesmos era deficiente e a falta de serenidade destes davam aos seus homens uma hipótese de sobreviverem àquela batalha...

The Bridge of Khazad-dum -

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