União Zoófila e Associação Zoófila Portuguesa


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Ser Enfermeiro...

Friday, March 13, 2009

Eruntalon - II

O vento fazia-se ouvir nas ervas do monte, deixando entrar poeira na entrada da toca. No túnel escavado por garras, um mamífero encontrava-se deitado, fitando e cheirando o exterior. Lá fora só escutava o vento. O túnel era fundo e propagava os sons, pelo que ouvia também as suas crias a mexerem-se e a ganirem de fome. Há dois dias que não comiam porque a caça havia sido infrutífera, situação que é normal para adultos mas não para a descendência com aquela idade.
O princípio da Primavera, como de costume, havia proporcionado o aparecimento de herbívoros mas desde há várias horas que algo de estranho se passava. Sons que o mamífero nunca ouvira ecoavam pelas montanhas onde vivia, vindos de Sul e aparentemente encontravam-se a assustar todos os animais, remetendo-os para as tocas. O seu parceiro tinha saído no dia anterior mas não havia voltado e como está a fêmea geneticamente programada, ficou a proteger as crias. Contudo, o sofrimento destas era cada vez mais audível. A "mãe", naturalmente, começou a sentir o seu instinto de alimentação cada vez mais a sobrepor-se ao da segurança dos filhos, fitando a erva no exterior como se estivesse indecisa. De repente cheirou-lhe a presa! O vento mudou subitamente de direcção, vindo agora de Sul, o que provocou um remoinho de terra perto da toca mas não o suficiente para o animal não cheirar...uma lebre! Instantaneamente correu para perto das crias e através de pequenos ruídos e do toque transmitiu aquilo que não podemos perceber, mas que provavelmente seria um aviso de que se iria ausentar. A progenitora voltou então para a entrada da toca, certa de que iria caçar. E deitou-se, jazendo nas sombras do pequeno orifício situado na base de uns arbustos, esperando ter contacto visual da presa. Primeiro cheirou-a, depois começou a ouvi-la. Estava muito perto, talvez a dez metros dali. De repente viu-a, uma lebre cinzenta de porte médio. Esperou que esta passasse a toca, de modo a apanhá-la desprevenida pelas costas. No entanto, os sons estranhos vindos de Sul intensificaram-se e a Lebre, assustando-se, iniciou uma fuga no sentido contrário, precisamente em direcção ao abrigo dos mamíferos. A predadora viu então a sua oportunidade e saiu da toca. Com um esguio salto, ladeou a poça de água que estava a poucos metros, herança da chuva que havia caído de noite.
Sentiu no pêlo o vento de uma tarde húmida, que trazia aqueles sons estranhos. Mas aquela raposa de belo pêlo ruivo só pensava em caçar! A presa, já assustada foi apanhada em contrapé. Tentou desesperadamente escapar da raposa fazendo um arco largo para ganhar velocidade mas a esta mordeu-a no dorso, junto da coxa direita. Contudo, o herbívoro era ágil e o ataque não foi suficiente. A raposa corria o seu máximo mas a lebre, apesar de ferida era mais rápida, circundando as árvores e arbustos enquanto fugia pelo único caminho livre, precisamente para Sul. A raposa, fatigada, deixou de correr volvidos 400 m., já vários segundos depois de perder o contacto visual com a presa. Porém, esta deixou um rasto de sangue cada vez mais abundante e a raposa sabia que seguindo-o iria dar com ela, morta ou moribunda.
O rasto seguia para de onde vinham os sons que a assustavam, mas aquela seria uma refeição importante para as crias e se não se apressasse outros caçadores ou necrófagos a roubariam. Assim, cheirando o rasto de sangue e caminhando contra o vento, dirigiu-se para Sul. Passou por uma colina, vendo as marcas das patas da presa cada vez mais próximas. Na colina seguinte o rasto de sangue adensou-se, mas certamente por pouco tempo já que começou a chover novamente. Apressando-se para não perder o odor e a pista visual, acelerou o trote. No sopé da terceira colina encontrou um pequeno ribeiro e a situação tornou-se mais complicada pois o rasto desaparecera. A chuva havia apagado o sangue e o cheiro da lebre tinha desvanecido naquele lugar húmido. Contudo, as raposas são astutas e aquela fêmea já tinha 8 anos de experiência num mundo exigente. Entrou no ribeiro cuja profundidade não era superior a 30 cm junto das margens, mas cujo caudal no centro era forte, facto que levou o animal a temer pela sua segurança. Farejou e deu voltas ao longo da margem. O curso de água era muito fundo para uma lebre o passar. Em seguida, fitou alguns seixos que se sobrepunham acima do nível da água, embatendo num fino tronco de azinheira que comunicava com a outra margem. Instantaneamente ultrapassou o ribeiro pelo tronco evitando a forte corrente e reencontrou marcas da presa.
Os sons estranhos estavam cada vez mais próximos mas reiniciou a perseguição com todos os seus sentidos alerta, sentindo a lebre perto. No fim desse terceiro cabeço encontrou a presa já moribunda, matando-a. Era pequena e ia ser devorada num ápice pelas crias, sendo que para a mãe não chegaria. Pegando na presa ia voltar quando o vento lhe trouxe um cheiro conhecido...carcaças. Sempre vindo de Sul, não mudava. A raposa cedeu aos seus instintos selvagens e maternais e com a presa na boca deu consigo a subir uma quarta colina, curiosa do que iria encontrar no vale que existia a seguir. Um, dois, três minutos passaram. A elevação era bastante íngreme mas o cheiro era cada vez mais intenso, assim como o barulho. Mais uns minutos volvidos, o quadrúpede deteve-se no cume da formação rochosa. Em frente, após um penhasco de várias centenas de metros, erguia-se um vale engolido pelas formações rochosas e inscaláveis daquela cordilheira. Este possuía duas entradas através de “corredores” abertos pela erosão na rocha da serra e costumava ser verde. Naquele dia mais duas cores predominavam: preto e vermelho!

2 comments:

Tadeu_o_fartador said...

fosUsa paragrafos ! tens aqui um texto muito bonito que os merece. Gosto deste tipo de posts pa. Um abraco do teu bro !

João said...

O texto ta sempre a desformatar no blog lool. Mas vou melhorar o aspecto;) Grande abraço!